9.7.07

Igualzinho às prostitutas

Peço desculpas, mas pela segunda vez, nesta coluna, vou me apropriar de um texto que não é meu. É que não tem como não fazê-lo. Ele é tão apropriado, que eu não resisto à tentação de copiá-lo e trazê-lo a vocês, caros leitores. Às vezes, fica difícil explicar, com detalhes, o que é exatamente nosso trabalho e, como este texto é altamente elucidativo, eu creio que, depois de lê-lo, qualquer mortal entenderá o que é, de fato, ser um produtor de som publicitário. Vamos lá:

Você recebe para deixar o cliente feliz (igualzinho às prostitutas); seu trabalho sempre vai além do expediente (igualzinho às prostitutas); você acaba fazendo coisas que alguns acham genial, mas você acha idiota (igualzinho às prostitutas); você é mais produtivo à noite (igualzinho às prostitutas); você é recompensado por realizar as idéias mais absurdas do cliente (igualzinho às prostitutas); você é recompensado por sugerir as idéias mais malucas aos seus clientes (igualzinho às prostitutas); seus amigos se distanciam e você só anda com outros iguais a você (igualzinho às prostitutas); quando você trabalha, pode estar de qualquer jeito.

Quando vai ao encontro do cliente, você tem de estar sempre apresentável (igualzinho às prostitutas). Mas, quando você volta, parece saído do inferno (igualzinho às prostitutas); o cliente quer sempre pagar pouco, mas exige que você faça maravilhas (igualzinho às prostitutas); quando te perguntam no que você trabalha, tem dificuldade para explicar (igualzinho às prostitutas); ninguém quer ter uma filha casada com você. Mas se você vira celebridade, todo mundo quer tirar foto ao seu lado, te convidam pra festas (igualzinho às prostitutas); se as coisas dão errado, é sempre culpa sua (igualzinho às prostitutas); você sempre acaba fazendo mais do que o combinado inicialmente (igualzinho às prostitutas).

Finalmente, todo dia você diz: Não vou passar o resto da vida fazendo isso! (igualzinho às prostitutas). Acho que esse meu lado "prostituta" fala mais alto, porque a verdade é que eu não quero parar de fazer isso.

Sou apaixonado por aquilo que faço, até por alguns clientes como, aliás, a grande maioria dos produtores de som. Nossa área é altamente competitiva por que, mais do que bons profissionais, ela é recheada de profissionais "apaixonados". E, diferentemente das prostitutas, a gente, sendo remunerado ou não, acaba fazendo o trabalho com o mesmo tesão.

Nós, diferentemente das prostitutas, temos que agradar a vários (cliente, agência, diretor do filme) ao mesmo tempo, mas só recebemos de um. Prestamos o serviço na hora, mas recebemos muito tempo depois. Quando recebemos. Mas, igualzinho às prostitutas, a gente não tem lá muita vergonha na cara e fica inventando um monte de desculpas para explicar por que a gente está "nessa". A verdade é: a gente adora essa vida. Porque música é paixão, é droga, é vício. E dá um prazer danado...

Thomas Roth, no jornal Propaganda & Marketing.

2 comentários:

Fernando Quirino disse...

Se ser produtor de som publicitário é como ser prostituta, então ser blogueiro é como ser a completa vadia, porque você praticamente não faz pelo dinheiro, faz por puro prazer e passa por todas essas coisas só que sem uma relação de trabalho por trás. (ui) huahuhuah

Mas, muito bem bolada a comparação. ;]

Unknown disse...

HAHAHAHA COMO TODAS AS PROFISSÕES TEM AS CRITICAS, PUBLICITÁRIOS NÃO SE SINTAM ISSO! VAMOS FALAR ENTÃO DA PROFISSÃO MAIS RESPEITADA DO MUNDO SER UM MÉDICO Há décadas o curso de medicina é tachado como o "TOP" das profissões. Ser médico, para a maioria, é ser deus, é poder tudo, é ter tudo. Será que o fato de curar e salvar vidas dá direito de estar acima dos seres vivos? O problema inicia no vestibular. O vestibular para medicina é o mais concorrido em todas as universidades. O simples fato de estudar medicina, já lhe garante créditos. Os médicos deveriam ser orgulhosos por terem nas mãos o poder de salvar vidas, independente de dinheiro e de status, eles já seriam poderosos e admirados só por isso. Mas, antes de entrarem na faculdade a alienação é instituída pela concorrência. Hoje, vemos pessoas morrerem por causa de greve de médicos, vemos morrerem por não terem como pagar um tratamento. Isso é cruel! São poucos os médicos que não deixam a alienação tomar conta do propósito real da medicina. A saúde no Brasil poderia começar a dar certo se a concorrência nos vestibulares diminuísse e as vagas aumentassem, assim o padrão de "poder" instituído nessa profissão quebrarias, e entrariam na faculdade pessoas dedicadas ao verdadeiro intuito de curar e não adquirir dinheiro e poder. Não haveria demissões coletivas. Os profissionais trabalhariam por amor ao ato de ajudar ao próximo, e ninguém morreria por falta de médicos!


PROSTITUTA É A TUA PARIDERAA!

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