12.11.08

Mulher deixa o homem muito mais santo

O celibato, obrigatório na Igreja Católica, ganhou ares de polêmica em Goiânia. De um lado o padre Osiel Luiz dos Santos, que mantém uma rotina de celebração mesmo sendo casado há 20 anos. Do outro lado, o Tribunal Eclesiático da Igreja, que determinou a ilegalidade das pregações. A arquidiocese também divulgou uma nota para todas as igrejas determinando a obrigatoriedade de o comunicado ser afixado no painel de cada paróquia por três meses e lido em todas as missas durante três domingos consecutivos.

“Eu entendo que celibato é uma exigência muito mais econômica do que religiosa. A mulher não contamina o homem. Muito pelo contrário. Ela deixa o homem muito mais santo, muito mais forte”, avalia o padre na sala simples de uma casa localizada no Parque Amazônia, um bairro de classe média baixa de Goiânia.

Em 20 anos, ele acredita que tenha realizado cerca de 400 casamentos e outras centenas de batizados. As cerimônias são realizadas em chácaras, sítios e residências. Para a Igreja, todas as cerimônias realizadas nesse período não têm validade. Para o padre, têm sim. “O sacramento não é da Igreja. É de Nosso Senhor Jesus Cristo. E quem me procura, não busca um papel. Busca uma bênção”.

A notícia de exposição de sua condição perante a Igreja não assusta o padre, que além de ministrar casamentos e batizados, mantém algumas tradições típicas entre os líderes católicos. Ao receber a reportagem do UOL, ele estava com uma camisa de mangas longas simples, mas com o clégico (aquele tipo de gola especial dos padres). “Não temo. Por que não creio que esteja fazendo nada de errado. O que faço é honesto. Não engano ninguém”, ressalta o padre, de 62 anos.

Até o fim da década de 80, ele tinha o comando de uma paróquia na capital. Mas acabou se apaixonando por Cledma Maria de Castro, na época com 19 anos. “Não menti, não enganei. Fui ao arcebispo, contei a situação, entreguei a igreja. Ele me disse que me daria força e pediu que eu enviasse uma carta ao papa renunciando. Me recusei a fazer isso por acreditar que o casamento não inviabiliza o sacerdócio”, ressalta. Do casamento surgiram cinco filhas.

Apesar da situação em comum, ele defende o celibato, mas de uma maneira mais democrática. “Luto há mais de 20 anos pelo celibato opcional. Seria a solução para muitos dos escândalos que existem hoje na igreja. Por conta dessa imposição, muitos padres mantêm relacionamento às escondidas, às vezes com filhos. Quando a Igreja sabe, faz é piorar as coisas. O transfere de cidade, o isola em outro local”, avalia.

Apesar das idéias renovadoras com relação ao celibato, Osiel mantém tradições conservadoras quando o assunto é homossexualismo. “Não me sinto preparado, hoje, para celebrar uma união homossexual, por exemplo. Talvez um dia amadureça a esse ponto, mas na minha concepção ainda é de que essa prática vai contra a lei natural de Deus”.

Sobre a existência de padres homossexuais, ele até admite que seja proporcionada a ordenação, mas ressalta que, nesses casos, o celibato seria uma alternativa. “Sou contra a relação de homem com homem ou de mulher com mulher. Acho que pode ter padre gay, mas nesse caso precisa ser celibatário”, diz, e volta a criticar padres que usam a força e poder da igreja em casos extremos, como pedofilia. “Para mim, isso é uma doença. Precisa é de tratamento”.

Calmo e medindo cada palavra ele confessa ter sofrido muito ao longo das últimas décadas, mas garante que o que ele considera como pressão da igreja não mudará sua forma de trabalho. Inclusive, tem casamentos marcados para esse mês.

“Não fico surpreso. Não pude celebrar a minha última missa, porque queriam apedrejar a minha mulher. Mas o que alguns não entendem é que o sacramento não é da igreja, é de Jesus Cristo”. Ele fez questão de afirmar que não foi a igreja que o demitiu. “É vergonhoso o que estão dizendo. Eu me demiti da igreja. Mas me desliguei da igreja, não de Nosso Senhor”. Leia +



fonte: UOL/G1 [via O Verbo]

2 comentários:

Anônimo disse...

Congreguei durante muito tempo em uma igreja católica onde o padre tinha mulher e três filhos e toda a comunidade fingia não saber. Nada era comentado a respeito e o padre tratava as crianças como sobrinhos. O padre só foi afastado daquela comunidade quando ele parou de servir aos propósitos políticos de grupos como o E.C.C. (Encontro de casais com Cristo). Depois que ele saiu da tal comunidade, todo mundo resolveu admitir que sabia. Por trás foi mais fácil falar, mas na presença dele, todos calavam.
Na minha opinião, o que o clero faz com gente como o padre Oziel, é o cúmulo do farisaísmo, pois sabem da existência de muitos padres que tem mulheres e filhos, mas só tratam dos casos que se tornam público.
No caso do Oziel, a igreja ficou “numa sinuca de bico”, pois o sacerdócio, segundo a igreja, é irrevogável (uma vez padre, padre para sempre). Lembro-me da santa não sei lá das quantas, muito venerada pela igreja romana, que teve a visão de muitos sacerdotes católicos com o corpo no inferno ficando de fora somente às mãos consagradas. Sendo assim, como invalidar as ministrações do padre Oziel?
Como diria o ‘grande sábio’: “Religião é uma merda!”

Anônimo disse...

“Não me sinto preparado, hoje, para celebrar uma união homossexual, por exemplo. Talvez um dia amadureça a esse ponto, mas na minha concepção ainda é de que essa prática vai contra a lei natural de Deus”.

é mesmo, talvez um dia Deus mude de idéia né! ele vai ver que a humanidade não para de transgredir a sua lei e vai mude.
é mais fácil ele mandar outro dilúvio!

Marcus:www.passecerto.wordpress.com

Blog Widget by LinkWithin