1.1.09

Cordilheira, de Daniel Galera

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o exemplar das livrarias
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Cordilheira, de Daniel Galera, é o primeiro lançamento da coleção Amores Expressos, projeto que tinha por objetivo mandar um escritor para algum canto do mundo e ele tinha que voltar com alguma história de amor.
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No caso do Galera, o canto do mundo foi Buenos Aires e a história dele está uma delícia. é narrado por uma escritora que vai lançar seu livro na Argentina, conhece um 'fã' malucão e por aí vai. ainda não li todo, estou no comecinho, na parte em que o fã a leva pra dançar tango numa milonga, mas está uma viagem muito bacana.
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Cansei um pouco das primeiras páginas, com descrições excessivas de alguns personagens, fatos, objetos, mas aos poucos vou descobrindo umas passagens como estas:
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"e então o público foi convidado a fazer perguntas (...)
- anita, por que magnólia empurra seu amante do penhasco no final do romance?
foi como se a lança de um selvagem escondido no mato me atravessasse o peito de uma hora pra outra. ergui a cabeça e vi que o microfone estava na mão do sujeito que me encarava antes."
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"tivemos uma daquelas conversas remotas horríveis em que cada mensagem instantânea parece mais insuficiente que a anterior para comunicar o que de fato queremos dizer. comecei fingindo estar alegre e ele fingindo tristeza. logo ficou claro que eu estava mal e ele bem. eu achava que ele também devia estar mal e ele achava que eu também devia estar bem..."
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"houve um momento, uns dois meses atrás, em que vi que tudo estava errado. foi repentino, como se alguém tivesse acionado um interruptor de luz. o que as pessoas ao meu redor esperavam de mim não tinha nada a ver com o que eu queria, e o que eu queria era visto por elas como capricho ou alucinação passageira."
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Ainda não dá pra falar muito sobre o livro, mas as primeiras impressões são estas: um metalivro; uma mulher que quer ser mãe e encontra no marido um pai; uma história de amor que vai se desmanchando, assim como o gelo de uma cordilheira andina ou como o título do livro, impresso de forma a apagar-se com seu manuseio.
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o meu exemplar quase apagado
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