26.11.07

Mulheres à beira de um ataque de nervos

"Homens amam com os olhos e mulheres com os ouvidos."
Zsa Zsa Gabor

Se há 10 anos as mulheres executivas encontravam-se na situação descrita por Almodóvar em seu clássico "Mulheres à beira de um ataque de nervos", hoje a situação é diferente e para pior: estão tendo ataques de nervos e muito mais. No mundo e também em nosso País.

Segundo dados agora divulgados pela Med-Rio Check-Up, empresa especializada no atendimento de executivos, no ano do filme de Almodóvar, de cada dez infartos do miocárdio, nove ocorriam com homens e apenas um em mulheres; hoje, dez anos depois, a proporção não se inverteu mas caminha na direção de um empate: de cada três, um é em mulher.

Pior ainda, segundo dados decorrentes do monitoramento da OMS – Organização Mundial de Saúde –, a mortalidade entre mulheres tem no infarto e nos AVCs – Acidente Vascular Cerebral – a causa número um, duas vezes maior que a soma de todos os tipos de câncer.

O crescimento da incidência em mulheres executivas de infartos e AVCs fica claramente identificado nos registros da Med-Rio de seus 17 anos de existência. De 1990 a 2007, os fatores de risco que determinam o aumento nas doenças circulatórias e do coração só fizeram crescer: colesterol e triglicerídeos elevados aumentaram de 25% para 42%; hipertensão arterial saltou de 11% para 16%; e insuficiência coronariana, detectada a partir de testes ergométricos, dobrou – de 6% para 12%.

Todo o estudo da Med-Rio tem como base uma amostra de 4.200 mulheres entre 30 e 60 anos, executivas e profissionais liberais das cidades do Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília.

Falando a Regina Alves da Gazeta Mercantil, Gilberto Ururahy, diretor médico da Med-Rio Check-Up, afirmou, "O que se pode concluir dos números levantados é que a dupla e, muitas vezes, tripla jornada de trabalho a que as mulheres vêm se submetendo nas últimas duas décadas, finalmente está cobrando seu preço..." e, "assim, ao assumir importantes responsabilidades e ter de responder ao estresse do cotidiano, a executiva brasileira está desenvolvendo doenças crônicas que antes eram peculiares ao universo masculino".

Outros dados do preocupante estudo revelam que nesses 17 anos as executivas brasileiras passaram a ter mais insônia – de 16% para 26% –, a fumar mais – de 30% para 40% –, e a se automedicarem com vitaminas, tranqüilizantes, estatinas, analgésicos e moderadores de apetite – 11% para 20%.

Como sempre existem os dois lados, péssimo para as mulheres, péssimo para as empresas onde essas mulheres trabalham porque seguramente seus desempenhos, com esse nível de estresse, deve estar bem abaixo do desejado, e péssimo para os casais, famílias, filhos. Por outro lado, mais negócios para as clínicas de check-up, para as academias de ginásticas, e para os infinitos tipos de terapias: convencionais, não-convencionais e alternativas.

Francisco A. Madia, no jornal Propaganda & Marketing.

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