Ele caiu em parte por seu estilo, sua arrogância, o inflacionar das "contribuições" cobradas por seus auxiliares, e por ter perdido o apoio da classe média com o confisco da poupança. No seu projeto, aqui e ali exagerou na dose, o que foi corrigido pelo Itamar. Mas, as linhas mestras do seu projeto foram mantidas por FHC e Lula. Daí se pode compreender aquela cena o ano passado de Lula, Renan e elle no sertão alagoano, trocando elogios mútuos, e se pode compreender porque elle hoje, juntamente com Renan, Sarney e tantos bravos "companheiros" integram a base de sustentação do governo Lula. Collor não mudou. Elle continua onde sempre esteve desde que derrotou Lula nas eleições presidenciais de 1989, com o dinheiro das elites amedrontadas e o gol de mão da mídia amiga.
Lembro-me que dei carona na Universidade Federal ao tesoureiro da campanha delle em Pernambuco (um professor da UFPE). "No segundo turno, nem tivemos o trabalho de sair em busca de contribuições. Elas vieram – e muitas – espontaneamente, e até sobrou", disse o professor-tesoureiro. Parece que sobrou em todo o Brasil, e um dos problemas foram as tais "sobras de campanha".
Veio FHC e apenas aperfeiçoou o que elle tinha iniciado.
O "sapo barbudo" uma vez beijado pela Febraban e pela Fiesp desencantou, agora como príncipe.
A pretensa comparação entre as gestões FHC e Lula é um teatro, pois foram apenas questões de estilo e de ênfases: pelo menos com Lula pararam as privatizações selvagens, os movimentos sociais (que foram "cozinhados") não foram tratados como delinquentes e a política externa não foi subserviente à "sociedade" (como a grande imprensa se refere aos donos do poder) e ao império. O engraçado, por exemplo, da gritaria da não ida de Lula ao túmulo de Hetzel, é que os "esquerdistas" Berlusconi e Sarkozy também se recusaram a ir, e ninguém disse nada.
Lulla aperfeiçoou o que FHC aperfeiçoou do modelo delle, e todos os candidatos desse ano querem apenas propor novos aperfeiçoamentos...
Como diria Salomão, nessas eleições, parece que "não há nada de novo debaixo do sol", a não ser a honestidade pessoal da Marina e a pretensão da proposta do PV de não ser nem de direita, nem de esquerda, mas à frente...
Até agora (e não creio que apareça), não há um projeto nacional, e muito menos uma alternativa que rompam com os 'aperfeiçoamentos' do modelo criado por elle.
No fundo, todos se curvam ao caçador de marajás das Alagoas.
Collor é verdadeiro vitorioso.
Quanto aos derrotados de todos esses anos somos todos nós.
Oremos!
Robinson Cavalcanti, bispo anglicano.
23.3.10
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2 comentários:
Li o texto e achei bem interessante...que saudade que deu do tempo em que éramos roubados apenas pelo dinheiro usado na "Casa da Dinda" e de uma Elba Weekend (hoje seria hilário cassar alguém por isso!!...de lá para cá multiplicaram-se os Ali-Babás e os ladrões deixaram de ser quarenta para ser 4000 quiçá mais...de fato..todos copiaram Collor...exceto que, pelo menos aparentemente, por incrível que pareça elle teve menos mensalões!!! Um abraço saudoso do tempo do Collor!!!
Acho estranha esta colocação de que Collor saiu vitorioso e todos nós saímos perdendo, pois sugere ao leitor uma saudade dos tempos delle. Seu texto carece de uma perspectiva mais realista.
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