15.8.06

Comunidade pé quente

Sem fazer alarde, José Serra foi ontem a um culto da igreja evangélica Comunidade Paz e Vida, no bairro de Santana, na zona norte de São Paulo. O evento não fazia parte da agenda oficial da campanha do tucano ao governo paulista.

Serra chegou ao culto por volta de 21h30 e entrou discretamente pelo estacionamento da igreja. Às 21h40, apareceu por uma porta ao lado do altar, sentou-se e logo foi convidado a subir ao púlpito pelo pastor e fundador da igreja, Juanribe Pagliarin -que chamou o tucano de governador e o apresentou aos cerca de 2.000 fiéis.

"Eu sei que o senhor não precisa dos votos da Paz e Vida, mas essa igreja é pé quente. A Marta [Suplicy] veio aqui em 2000 e ganhou [a disputa pela prefeitura]. O Alckmin veio em 2002 e ganhou [o governo paulista]. Em 2004, a Marta não veio, e perdeu [a prefeitura] para o senhor", disse o pastor.

Serra retribuiu a gentileza - disse que São Paulo necessita de mais "paz e mais vida" e que só se sente feliz quando "trabalha pelo próximo"- e afirmou que precisa, sim, dos votos. "A eleição não está decidida."

Findo o discurso, o pastor conclamou a igreja a rezar (sic) por Serra, mas não sem antes reivindicar que o tucano, se eleito, "olhasse" pelas igrejas, que estariam sendo perseguidas. À Folha, Pagliarin disse que a "perseguição" a qual se referia chama-se Lei do Psiu, que impõe limites sonoros a eventos e estabelecimentos da cidade.

Após o pedido, o pastor conclamou a assembléia a orar por Serra, disse que ia se ajoelhar e pediu ao tucano para fazer o mesmo, "para receber a bênção". Serra relutou em ajoelhar. O pastor o chamou com a mão, ensaiou um abraço, olhou para o tucano e conseguiu: Serra cedeu, se ajoelhou e arrancou aplausos entusiasmados da Comunidade Paz e Vida.

Na saída, o candidato tucano não falou com a reportagem nem com os fiéis presentes, que se perguntavam: "Cadê o abençoado?".

fonte: Folha de S.Paulo 15/8/06.

2 comentários:

Pr. Gustavo Arcangelo disse...

Meu irmão é muito dificil entender a política, e mais ainda os políticos. Pois a maioria só lembra da Igreja na hora da eleição, tendo como maoir interesse os votos, mas depois de eleitos esquecem da igreja e dos seus eleitores crentes. Politica e Igreja é como água e óleo, não dá pra se misturar.

Anônimo disse...

E pior que a igreja continua caindo nessa. Dando aval para políticos, sem o menor senso crítico. Mais fácil seria que, a cada candidato do interesse, vasculhássemos a vida do indivíduo. Entrar num site de busca e digitar o nome do político. Assim é possível saber todos os envolvimentos do cidadão, projetos encaminhados os congressos, se é idôneo ou não. “O povo erra porque lhe falta o conhecimento". Oséias 4:6. Erra-se por não conhecer o evangelho, erra-se por dar aval a estranhos. Pior é a igreja, prestar-se a esse papel porque o político apareceu por lá na época da eleição!
No caso da igreja em questão, o pastor atribuiu a ela o status de amuleto: ““ Eu sei que o senhor não precisa dos votos da Paz e Vida, mas essa igreja é pé quente. A Marta [Suplicy] veio aqui em 2000 e ganhou [a disputa pela prefeitura]. O Alckmin veio em 2002 e ganhou [o governo paulista]. Em 2004, a Marta não veio, e perdeu [a prefeitura] para o senhor “, disse o pastor”.
Bem que está escrito que a mera letra mata. Não posso entender isso vindo de um pastor, que se não tem uma formação universitária costuma, no mínimo, ler o livro mais erudito que conheço: a Bíblia Sagrada.
Antes de "indicar" um cadidato para a igreja, deveria, ele mesmo(pastor), fazer uma boa pesquisa. Isso também serva para a igreja. Porque "...maldito o homem que confia no homem".

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