Pesquisa norte-americana informa que entre os entrevistados de 12 a 14 anos, 50% dos meninos e 63% das meninas dizem consumir diferentes mídias ao mesmo tempo, como escutar música enquanto conversa no MSN ou ver TV enquanto lê o correio eletrônico, o que acontece com 72% entre as moças de 18 a 20 anos. Questionados sobre o comportamento “multitarefa”, 64% dos adolescentes disseram que “se entendiam de fazer uma coisa de cada vez”.
Entre o universo pesquisado, 69% dos rapazes e 75% das moças na idade entre 12 e 17 anos responderam “frequentemente” ou “as vezes” ficam entediados diante das opções de entretenimento.
Somos todos incapazes de levar adiante uma tarefa por muito tempo, num mundo pautado pela mudança. A dispersão de objetivos, muita agitação e pouco resultado são outras das características do trabalhador urbano contemporâneo.
Os prazos são inviáveis e a experiência mais curiosa é viver sem a mesma ansiedade coletiva. Se você diz: isso é para a próxima semana, o interlocutor fica impressionado. Todo mundo parece sofrer de uma necessidade de realizar tudo hoje, como se não houvesse amanhã.
No mercado de trabalho essa característica tem produzido trabalhadores semelhantes à pacientes com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA/H), como mostra tese de mestrado do psiquiatra Rossano Lima.
O tédio dos jovens também não é mais aquele: ao invés de se expressar por uma atitude de apatia, o tédio se apresenta como essa necessidade doida de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Super-excitação como sintoma de excessos, diz o também psiquiatra Pedro Salem.
A liberdade de escolha acaba resultando numa espécie de abstenção da escolha. Pode-se dizer, portanto, que a indiferença pós-moderna ocorre por excesso.
Excesso de opções, de conexões, de velocidade. A cada dia que passa faço mais essa pergunta: aonde vai tudo com tanta pressa?
Carla Rodrigues, no blog Contemporânea.
15.8.06
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