Cuba sobreviveu à União Soviética. Fidel envelheceu. Conheci-o com certa intimidade. Pude aquilatar o quanto de mito já existia nesse homem que se convertera em referência mundial do embate contra o gigante americano. Reatei as relações do Brasil com Cuba e fui o primeiro a propor a sua entrada no sistema americano na reunião do Grupo dos Oito em Acapulco.
É com a visão desse passado que vejo seu corpo dar avisos de fragilidade. Dos grandes homens, o que vale não é verdadeiramente sua vida, mas a simbologia da vida. Desgarram-se deles, por vezes, as manchas cruéis da existência. Fidel Castro, hoje, é uma figura que pertence à história, assim como Bolívar. Sua densidade não nasce do martírio, como Che Guevara, mas da construção de uma idéia-força.
trecho de "A Fidel o que é dele", texto de José Sarney publicado na Folha de S.Paulo em 18/8/06.
19.8.06
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