Existe uma velha história grega que conta sobre a sina de um rei que ambicionava todas as riquezas do mundo. Ele queria muito isso, e tanto insistiu junto aos deuses que eles lhe deram um dom: tudo o que tocasse viraria ouro. Maior alegria não podia haver. Doido de contente saiu a tocar as coisas que o rodeavam e, era fato: tudo o que seus dedos encostavam imediatamente virava ouro. Ele ria de felicidade. Babava. Ninguém no mundo poderia ser tão rico quanto ele. Estava embriagado de poder. Então, veio a fome – prosaica e humana – e ele quis comer. Mas tudo o que tocava virava ouro. Morreu de fome. Um triste fim.
Hoje, no mundo, estamos vendo a versão moderna. O presidente Bush que se considera um enviado de deus ambiciona tomar para si todas as riquezas do mundo. Mas ele não recorre aos deuses do Olimpo, nem mesmo ao deus que diz representar. Ele usa o incrível poder da guerra e dos armamentos mais modernos. Já invadiu o Afeganistão, destruiu o Iraque e agora apóia o ataque infame que Israel insiste em manter contra o Líbano e a Palestina. Não satisfeito com todo o banho de sangue que impõe aos países do Oriente Médio, ele agora volta seus tanques para Cuba.
Como um sinistro urubu, manda seus sequazes bombardearem a ilha com palavras de incitamento de guerra civil. A secretária de Estado Condoleeza Rice conclama os cubanos a lutarem pela democracia. E mais, incita os cubanos que vivem em Miami para que entrem nos barcos e voltem para Cuba para comandar uma contra-revolução. Para tornarem Cuba o que era antes, o quintal dos EUA. E tudo isso é feito assim, às claras, via satélite, através da CNN, a rede estadunidense que transmite em espanhol.
O mundo assiste a tudo, perplexo e impotente. Agora imaginem se fosse o contrário? Se fosse um outro presidente ou secretário de estado a conclamar uma guerra num outro país? Não seriam bombardeados no dia seguinte? Não seriam chamados de terroristas e outros que tais? E se fosse o Chávez? Ah, seria chamado de louco e ditador. Mas não, quem promove o terror são os donos do mundo, daí o silêncio. E a pequena e insuportável ilha do Caribe, que desde o final dos anos 50 resiste aos ataques dos EUA, vai vivendo seus dias de terror. O governo estadunidense nunca conseguiu engolir o fato de que grande parte do povo cubano prefere viver lutando, na pobreza, do que ficar de joelhos diante do império. Seguem a velha idéia de José Martí. Resistem!
Mas, agora, com a doença de Fidel, a sanha anti-castrista volta com força total. É chocante de ver os ataques que são feitos para o mundo todo ouvir. E os governos dos demais países ficam quietos, achicados, com medo. Temem que chegue a sua vez. E os senhores da guerra não estão satisfeitos. Não basta o sangue do povo árabe. É preciso que escorra também o sangue cubano. É preciso que as bombas caiam sobre La Habana. É preciso salvar o mundo capitalista, ampliar o império, conquistar todas as riquezas. É preciso que todos aqueles que não defendam o chamado mundo livre (???!!!) sejam destruídos. É preciso que todos vivam sob a democracia decidida por eles. E assim, vão entrando em todos os jardins... Chegarão ao nosso? Chegarão!...
A nós os que defendem o direito soberano dos povos, impotentes e em pequeno número resta gritar até que a garganta estoure. Quem sabe, lá no alto, algum deus escute e torne real o sonho de Bush. E que tudo o que ele toque vire ouro!!!
texto de Elaine Tavares para a revista Caros Amigos.
19.8.06
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