Temos péssimas campanhas de conscientização sobre drogas. Geralmente aparecem pessoas que não têm nada a ver com drogas. Aparece a Eliana apontando os dedos. Ela não fuma nem cigarro, entendeu? Ou “Drogas, tô fora”. Não é isso.
A maioria das pessoas vai ter em um determinado momento da vida contato com a droga, é inevitável. As campanhas são baseadas em um moralismo e não em tratar o problema como doença. Não é um problema de caráter, mas pode levar à deterioração dele.
Uma família tem muita dificuldade em levar seu filho para um tratamento, porque é uma espécie de assumir um fracasso próprio. Fracasso que não existe. Se a gente tivesse mais campanha e mais divulgação sobre a questão dos caminhos da dependência, sobre as várias formas da dependência, as pessoas iam tirar esse ranço moralista.
Gosto de citar o caso do Maradona porque ele acabou com a vida dele. Mesmo sendo um cara amado, quase morreu, perdeu tudo, dignidade, condição física, tudo e, depois de sucessivas tentativas, conseguiu se tratar e se transformou numa coisa melhor do que ele era, voltou lindão, fez programa, bem-humorado, deu declarações legais.
Por outro lado, você vê o Pelé, que é um superatleta. Ele não fuma e não bebe, é o exemplo vivo de abstinência. Mas e o filho dele? Então, se enfrentássemos um pouco esse moralismo, tiraríamos esse manto que faz as famílias terem um preconceito, uma resistência para levar seus filhos para um tratamento.
Nasi, da banda IRA!, em entrevista à Caros Amigos.
14.10.06
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Um comentário:
O que falta, além do diálogo familiar, é uma ação social efetiva. Que tire crianças das ruas, que fiquem em escolas enquanto seus pais trabalham, mais empregos, uma condição de vida melhor! Também, uma ação mais efetiva do governo para coibir o tráfico de drogas, que não permita que policiais sejam aliciados, porque isso é falta de vergonha total.
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