15.10.06

Nova vida (3)

Guilherme dá a entrevista no terceiro dia de contato com a reportagem, em um restaurante chamado Parilla, na zona sul de Belo Horizonte. Famoso por servir carne uruguaia com batatas cobertas com queijo gorgonzola, o lugar é bem freqüentado sem ser considerado sofisticado.

Além dele, estão na mesa sua mulher, Paula, e a irmã dela, Roberta. Todos tentam converter o repórter - especialmente Guilherme, que, desde o início, fala muito em Jesus.

Ele conta que virou evangélico num momento em que, diz, a religião era a única alternativa. "Toda vez que saía da prisão, transferido, ou para ser julgado, havia uma multidão me esperando para xingar. Jogaram até cocô em mim. No meio daquilo tudo, estavam sempre dois ou três crentes com a Bíblia, pregando a paz. Eu os achava uns malucos, mas quem mais me tratava como gente?"

Em suas tentativas de converter os outros, diz que ele "era assim também". "Eu saía com três mulheres por noite, traía a minha e ria dos crentes. Achava-os uns bobões..."

Naquela época, diz, recém-chegado de Belo Horizonte no Rio, malhadão, baladeiro, ele se jogou nas noites cariocas. "Eu era doidaço", afirma.Usava cocaína?"[Relutando] Fiz tudo o que não presta. Não vou falar mais do que isso.

"O que, exatamente, é algo que "não presta"?"Para saber, você tem de perguntar: "Jesus faria isso?'"

Ele e Paula repetem: "A loucura para os homens é a sabedoria para Deus. E a sabedoria dos homens é a loucura para Deus". Eles frisam: "Mas só vale para coisas do bem".

Por exemplo? "Você acha uma loucura não ter relação sexual antes do casamento? Então: isso é sabedoria para Deus", prega Guilherme.

trecho 3 da entrevista de Guilherme de Pádua à Folha de S.Paulo.

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