Santa Maria Joana

Um casal de pastores norte-americanos abandonou o rebanho da sua igreja no Arizona. Mas o motivo é justificável. Uns probleminhas com a Justiça estavam impedindo Dan e Mary Quaintance de darem a atenção necessária a seus fiéis. Todos os 45.

Fundadores da Igreja do Conhecimento (Church Of Cognizance), o casal Quaintance considera a maconha uma espécie de divindade (“Honramos a maconha como mestre, provedor e protetor”) que os ajuda a entrar em contato com Deus. Mas as autoridades dos EUA pensam diferente. Enquadraram os dois por tráfico de drogas.

Em fevereiro, os dois foram presos em um carro com 78 quilos da erva (ou “maconha sagrada”, como eles preferem) no Novo México, perto da fronteira com o Arizona. No final do mês eles serão julgados. E podem ser condenados a 40 anos de prisão por conspiração e tráfico de drogas.

Eles depositam suas esperanças em um apelo feito baseado na liberdade religiosa, algo que lhes permitiria usar drogas ilícitas desde que em função do culto. A alegação tem precedente. E um precedente brasileiro.

Em fevereiro, uma decisão da Suprema Corte aceitou o uso do chá de hoasca, que contém a substância DMT, com propriedades alucinógenas, por outra igreja no Novo México, o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, ou UDV.

Pois o UDV tem origem no Brasil. E seus rituais giram em torno do uso de alucinógenos como indutores de visões espiritualmente interpretadas.

Até a decisão final, o casal Quaintance está obrigado a fazer testes semanais de urina para comprovar que eles não estão em contato com a divindade.

Luiz Antonio Ryff, no blog Nonsense.