Como bem definiu o jornalista Merval Pereira, o presidente Lula parece cada vez mais com o personagem de um pseudo-documentário de Woody Allen, de 1983, sobre a vida de Leonard Zelig. Trata-se de um homem-camaleão, que modifica a aparência para agradar às outras pessoas.
Com relação a Lula, o que muda não é sua fisionomia, mas seu discurso. Quando fala sobre a imprensa, por exemplo. Morde principalmente durante comícios, diante de uma platéia de correligionários ou simpatizantes. E assopra durante entrevistas coletivas e eventos mais formais, como notou “O Globo”:
Assopra - 29 de agosto – no 6º Congresso Nacional de Jornais
- Minha história política se deve muito à imprensa livre e independente.
Morde - 1º de setembro – em comício em Juiz de Fora
- A imprensa me trata muito bem (risos). Mas tenho as costas largas. Se dessem a mim 10% do tratamento dado ao Fernando Henrique Cardoso, eu teria 80% nas pesquisas.
Assopra - 14 de setembro – em entrevista ao “Jornal da Band”
- A liberdade de imprensa não é um desejo. É um compromisso de vida, até porque sou presidente por causa da liberdade de imprensa. Não que eu sempre concorde com o que a imprensa faz. Às vezes, ela condena inocentes, perdoa culpados. A imprensa também erra. Mas o exercício da democracia permite isso. Na melhor das hipóteses, o leitor vai julgar.
Morde - 23 de setembro – em comício em Jacareí (SP)
- Eu nunca vi tanto preconceito. Porque se a imprensa brasileira tivesse comigo apenas o tratamento republicano, nada mais do que isso… Não quero que a imprensa seja chapa branca, mas não quero que seja também uma imprensa totalmente contra.
Morde - 28 de setembro – em comício em São Bernardo (SP)
- Se eu puder, um dia vou publicar um livro sobre alguns articulistas deste país para mostrar a quantidade de coisas que publicam sobre mim e minha família. Tudo o que alguns querem é me chamar de autoritário. Mas a democracia é a essência da minha vida. Vocês não sabem o que é um fardo de governar um país com uma parte da elite preconceituosa.
Assopra - 2 de outubro – em entrevista coletiva após o primeiro turno das eleições
- Se um fato aconteceu, ele tem que ser mostrado. Todo mundo, normalmente, se queixa da imprensa. Duvido que tenha um político que não se queixa da imprensa. O dado concreto é que a imprensa tem um papel muito importante em tudo que estamos vivendo no Brasil de conquista da democracia.
Morde - 21 de outubro – em comício em Curitiba
- Pela primeira vez na história, fizemos coisas que não estavam previstas acontecer. A imprensa brasileira poderia dar essa contribuição aos leitores, porque não é possível a gente viver a vida inteira subordinada à futrica. Estamos vivendo uma cultura em que ladrão denunciando sai todos os dias nos jornais e, quando as pessoas são absolvidas, ninguém pede desculpa. É só acusação, acusação, acusação.
Assopra - 29 de outubro – em entrevista após votar no segundo turno
- Quero agradecer à imprensa, mesmo nas horas em que nos criticou, porque muitas vezes a imprensa diz o que não deve e até o que a gente não gostaria de ouvir, mas teve um papel importante no papel da consolidação da democracia brasileira. Quero agradecer porque em alguns momentos fui criticado, mas depois a verdade foi estabelecida.
Morde - 6 de novembro – em evento promovido pela revista “Carta Capital”, favor
- Os mais velhos, da nossa idade, viveram o tempo das receitas de bolo nos jornais, o tempo do pensamento único, em que era proibido falar contra. Agora é proibido falar a favor.
Morde - 13 de novembro – em discurso com Hugo Chávez, na Venezuela
- Quando fui a Caracas (em 2003) e vi a televisão, voltei ao Brasil dizendo a mim mesmo que jamais havia visto meios de comunicação agredindo um presidente da República como você foi agredido (referindo-se a Hugo Chávez). Jamais imaginei que isso poderia ocorrer no Brasil e ocorreu o mesmo, querido companheiro.
Luiz Antonio Ryff, no blog Nonsense.
16.11.06
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Um comentário:
O homem dança conforme a música! É inegável que sabe viver e aproveitar as oportunidades que a vida lhe oferece!
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