9.11.06

Papai Lula

O relógio tomado de poeira daescola pública Galdina Serrão, a maior das cinco seções eleitorais de Bacurituba, marca 7h41de domingo 29. Em todo o País, as pessoas se preparam para definir o segundo turno entre o tucano Geraldo Alckmin e o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Nesta cidade de 5,1 mil habitantes e 3,9 mil eleitores da Baixada Maranhense, umas das mais pobres do País, a situação é diferente: em 19 minutos terá início um ato explícito e coletivo de reverência a um mito. “Se eu tivesse 20 votos ia tudinho pra Papai Lula”, diz João de Deus Carvalho (foto abaixo), 50 anos, desempregado “que trabaia com tijolo”.

O “tudinho” é reforçado nos gestos e na elevação do tom de voz. “O homi é um santo, o salvador dos pobri. Podia deixá ele lá até cansá”, completa. Na ponta da fila, João de Deus é o primeiro da cidade a votar. Está aberto o culto. Até o final do dia, Papai Lula teria mais 2.424 seguidores e somaria impressionantes 94,67% dos votos válidos (no primeiro turno foram 92,33%). Bacurituba é a síntese da consagração de Lula nas urnas das cidades do Nordeste e do Norte.

É um equívoco imaginar que “Papai Lula” – ou “Pai dos Pobres” ou ainda “Pai Lula” – foi colocado em um ponto intermediário entre o humano e o sagrado por obra exclusiva de programas sociais como Bolsa Escola e Bolsa Família. A idolatria, nesta parte do País, atravessa classes sociais, interesses, apelos, faixas de instrução.

fonte: IstoÉ

Um comentário:

Anônimo disse...

A idolatria é companheira da ignorância, ambas formam o "Pai Mula", digo Lula!
Pior, o mantém lá!

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