O teatro é uma estranha convenção. As pessoas vêm para ver outras pessoas. O único animal que é capaz de ser observado por outro é o ser humano. Se uma vaca for observada por 500 pessoas, ela não reage, não liga.
Mas, se você está comendo num restaurante e alguém da mesa vizinha começa a olhar, você se pergunta por quê. É da natureza humana reagir à mirada do outro. O teatro é isso: um humano sendo observado por outro. O desafio é transformar esse momento de embaraço em algo que também embarace quem olha.
Cada vez mais o teatro vai se constituir num refúgio. Um lugar e ao mesmo tempo uma prática em que o animal humano, que é social, pode refugiar-se para encontrar o outro. Um espaço para adoção de intimidade e, ao mesmo tempo, de separação. Um espaço em que se possa refletir sobre as tragédias da aldeia ou das que ameaçam a humanidade.
A necessidade de teatro é endêmica. Pertence a cada geração que chega com vontade de revolta.
O teatro é o que fica na memória do espectador, como um vírus que permite refletir sobre as condições sociais, as misérias psicológicas, as possibilidades de mudanças no viver.
trechos da entrevista do diretor teatral italiano Eugenio Barba à Folha de S.Paulo. A "antropologia teatral", conceito disseminado por ele, influenciou grupos brasileiros.
sempre questionei o porquê da eterna incipiência artística nas igrejas evangélicas. A maioria das produções teatrais são inclassificáveis, apesar de serem "feitas com amor p/ a obra do Senhor". No caso, tentam associar o Nome Santo à mediocridade, algo pra lá de imiscível.
Segundo o Badra, a a necessidade de teatro "pertence a cada geração que chega com vontade de revolta". Com o bundamolismo reinante no meio cristão, acredito que parte da indigência está explicada.
11.11.06
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