Janaína, 8 anos recém-completados, brinca com um bebê de brinquedo que, como ela, está cheio de fuligem e com as roupas carcomidas. Seu playground é a calçada da Rua Amauri, no Itaim Bibi.
A garota, sua irmã um ano mais velha e dois primos trabalham ali de segunda a domingo, das 10 da manhã às 7 da noite, pedindo moedinhas aos motoristas que passam apressados. Janaína diz que "nem liga" de ficar tanto tempo na rua.
Enquanto não está esmolando ou brincando com Dadá, sua boneca, ela pensa no presente que poderá ganhar de Natal. "Quero um relógio cor-de-rosa ou uma bicicleta", diz ela. "Minha mãe falou que, se eu conseguir bastante moeda no farol, ela me dá."
A mãe da menina sorri e complementa. "Se Deus quiser, o Natal vai ser bom." Desempregada, Jacira de Souza, 35 anos, faz as mesmas promessas desde 2003, quando começou a levar suas filhas e seus sobrinhos para pedir dinheiro nos semáforos.
Só esmola no período de festas, quando os paulistanos, acometidos de bons sentimentos natalinos, costumam ficar mais caridosos. Com o que recebe, ela ajuda seu marido, também desempregado, no orçamento da casa de três cômodos na região de São Mateus, na Zona Leste.
Jacira e a garotada arrecadam até 600 reais no mês.
fonte: Veja SP
6.12.06
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