Não são os únicos. Aproximadamente 2 000 crianças e adolescentes que normalmente cumprem expediente nos cruzamentos de São Paulo ganham em dezembro a companhia de 600 meninos e meninas, trazidos por seus pais de outros municípios da região metropolitana.
Segundo estimativa da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, esse contingente de pedintes arrecada 2 milhões de reais por mês, sem contar doações de roupas, comida e brinquedos – em dezembro o valor cresce 30%.
"É um negócio lucrativo, pois quatro em cada dez motoristas dão dinheiro", diz o secretário Floriano Pesaro. "A longo prazo, a prática se revela mais um problema do que uma solução." A socióloga Maria Adelaide Schröder, da ONG Núcleo de Apoio ao Jovem Carente, concorda.
"Existem famílias inteiras que esmolam no centro de São Paulo há três gerações", afirma. Para tentar coibir a doação de dinheiro nos semáforos, a secretaria criou a campanha Dê Mais que Esmola, Dê Futuro, na qual agentes sociais passam as noites rondando os cruzamentos com o objetivo de tirar as famílias das ruas.
Os 120 funcionários, que ganharão o reforço de outros 200 agentes nas próximas semanas, já cadastraram 1 000 crianças nos programas sociais da prefeitura desde o começo do ano. Mas a concorrência é difícil. A bolsa dada pelo governo a famílias que aceitam parar de trabalhar nos faróis é de 40 reais por mês por criança.
Num dia de bom movimento, as irmãs Daniela e Carolina de Freitas, de 3 e 6 anos, ganham quase a mesma coisa. Elas praticamente nasceram pedindo esmola na esquina da Rua Cancioneiro Popular com a Avenida Roque Petroni Júnior, perto do MorumbiShopping, no bairro de Chácara Santo Antônio – sua mãe, Eliana de Freitas, 23 anos, desempregada, as leva desde que eram bebês. Nenhuma das duas meninas está matriculada em creche ou escola.
"Venho cedinho de Itapecerica da Serra e só volto às 18 horas", diz Eliana, que com o dinheiro arrecadado paga o aluguel de 200 reais e já conseguiu comprar uma televisão e um fogão usado para sua casa. "As pessoas que passam por aqui não precisam dessas moedinhas, mas para nós isso é a sobrevivência da família."
fonte: Veja SP
6.12.06
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Um comentário:
Isso é uma questão social, gerada pelo desemprego das famílias que vendo a possibilidade de ganhar dinheiro através de seus filhos o fazem. Criança tinha que estar em escolas e creches, e os pais trabalhando. Essa seria a lógica. No entanto, há lugar para todos pais e todas as crianças? Então o buraco é mais embaixo.
Não concordo em dar esmolas. Já diz o ditado: " Moleque pidão futuro ladrão"!
Quando o moleque cresce, não lhe dão mais esmolas e o mandam trabalhar. Se não viram "mulas" de traficantes, viram ladrões, porque emprego não existem, nem de engraxates, jornaleiros, como havia tempos atrás. Há que se considerar os fatores que levam os pais as "explorarem" seus filhos, exporem suas vidas em risco em sinais e em meio a um trânsito caótico.
Enquanto os políticos roubam a Nação descaradamente e se protegem, a população sofre as conseqüências da miséria, oriunda de um desgoverno total.
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