FOLHA - Como é hoje a sua relação pessoal com a religião?
CONY - Tenho admiração por santos. Não por serem santos, mas pelos homens que foram. São José era noivo de uma menina de 15 anos, aí veio um anjo e disse: "Olha, tua noiva tá grávida, não esquenta a cabeça que você não entende isso". E ele aceitou, isso é sensacional.
FOLHA - Mas isso não seria mais uma admiração pela fábula do que pela santidade em si?
CONY - Sim, talvez pela fábula. Ela é tão perfeita quanto o "Chapeuzinho Vermelho".
FOLHA - Você não reza nem acende velas?
CONY - Não rezo, mas estou sempre acendendo velas. No geral, é difícil aceitar Deus, mas no plano da vida diária é mais fácil. Eu já senti uma mão especial, não digo que seja a mão de Deus, mas uma mão especial, algumas vezes sobre a minha vida, sobre o meu destino.
FOLHA - Em momentos de dificuldade?
CONY - Não, em coisas prosaicas. Quando eu estive preso, não sentia mão nenhuma, sentia a mão do soldado que estava me algemando. Mas, às vezes, olho pra parede e sinto uma coisa superior a mim, a tudo o que eu penso, a tudo o que eu sou, a tudo o que eu podia ser e a tudo o que os outros são. Também não sou masoquista, quando digo que sou uma pessoa frágil, que não se entende. Eu sei que os outros também não se entendem. Mas eu proclamo isso abertamente, assim como proclamo que olho pra parede e vejo uma mão superior. Mas não aceito essa mão. Vejo e não aceito, porque minha cabeça recusa qualquer coisa sobrenatural.
trecho de recente entrevista de Carlos Heitor Cony à Folha de S.Paulo.
13.12.06
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3 comentários:
Entendi tudinho. A bíblia é livro de fabulas igual o do chapeuzinho vermelho. O diabo com certeza eh o lobo mau.
"Se esta obra é do Diabo, então, o Diabo deve estar convertido".
Trecho de um livro de Emílio Conde, onde alguém rebate críticas ao movimento pentecostal na Suécia em 1907.
César Moisés
Taí um homem em quem Deus está tocando e ele se recusa a aceitar Quem possa ser, porque seus preceitos são mais fortes e o dominam!
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