Aos olhos da Justiça, a igreja evangélica Renascer em Cristo é um antro do pecado. Na semana passada, a Justiça de São Paulo decretou a prisão de seus dois líderes, o "apóstolo" Estevam Hernandes e sua mulher, a "bispa" Sonia.O casal fugiu para escapar da cadeia. A detenção foi pedida pelo Ministério Público de São Paulo, porque os Hernandes faltaram a uma audiência de um processo no qual são acusados de estelionato e lavagem de dinheiro.
Fundada há vinte anos, a Renascer se tornou a segunda maior igreja evangélica do Brasil. Em 1986, Estevam e Sonia realizavam seus cultos na sobreloja de uma pizzaria paulistana. A partir do início da década de 90, o negócio cresceu exponencialmente, ao atrair fiéis de classe média alta e cobrar deles doações polpudas.
Para se adequar a esse público, a Renascer passou a recolher dízimos até por meio de cartões de crédito e de débito. Hoje, tem mais de 1 500 templos no Brasil e em outros seis países, uma torre de televisão, a Rede Gospel de TV e a emissora de rádio Gospel FM. Também criou um evento anual chamado Marcha para Jesus, que, em sua última edição, reuniu 3 milhões de pessoas em São Paulo. O jogador Kaká, da seleção brasileira, é seu discípulo e garoto-propaganda.
A Renascer começou a ser investigada pelo Ministério Público faz quatro anos. Há quatro meses, os promotores fizeram a primeira denúncia contra o casal Hernandes. Nela, acusam-nos de premeditar o calote em todos os proprietários que alugaram os imóveis onde a igreja instalou seus templos. Segundo os promotores, a prática corriqueira e planejada desse tipo de cano configura crime de estelionato. "Ao não pagar as dívidas de forma sistemática, a Renascer pratica estelionato", afirma o promotor Marcelo Mendroni, que moveu o processo.
A dívida imobiliária da Renascer soma 12 milhões de reais e a igreja responde a mais de 110 ações civis impetradas por suas vítimas. Para o promotor, o crime é ainda mais grave porque a Renascer recebeu dos fiéis dinheiro suficiente para pagar as dívidas com os locadores, mas o casal Hernandes teria preferido embolsá-lo, já que enriqueceu a olhos vistos desde que a igreja foi fundada.
O Ministério Público fez um levantamento minucioso da movimentação financeira dos Hernandes e dos bens que eles usufruem. Os promotores atribuem aos Hernandes uma fazenda de 1,3 milhão de reais, quatro apartamentos, que juntos valem mais de 6 milhões de reais, e um haras de 3 milhões.
Com a ajuda da Receita Federal, eles descobriram que a editora Publicações Gamaliel, que pertence ao grupo Renascer, movimentou 46 milhões de reais em três anos e não declarou essa dinheirama ao Fisco. Os promotores concluíram o óbvio: os líderes da Renascer são muito mais ricos do que dizem ser.
Para o Ministério Público, a fortuna foi amealhada com os dízimos dos fiéis, e os Hernandes praticaram crime de lavagem ao se apropriar desse dinheiro. A Justiça não só acatou a denúncia como também bloqueou os bens dos líderes evangélicos, a fim de garantir o pagamento dos aluguéis atrasados.
trecho 1 de "Entre a cruz e a cadeia", matéria publicada na Veja.
Algumas dúvidas/incorreções do texto:
1) Como acontece o recolhimento de dízimos por cartão de débito/crédito?
2) A Marcha para Jesus acontece em vários países e não foi criada pela Renascer.
3) O jogador Kaká não é garoto-propaganda da igreja. O máximo que fez foi gravar chamadas p/ a Marcha.
4) Quem freqüenta determinada igreja é "discípulo"?























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