19.1.07

Leitura compartilhada (1)

Aeroporto geralmente é aquela muvuca desgraçada. Todo mundo falando no celular ao mesmo tempo, como se o destino da humanidade precisasse ser decidido em poucos minutos.

Não é exatamente um lugar agradável p/ a leitura de livros mais densos, a não ser que você use os indefectíveis fones brancos do iPod p/ tentar se desligar do mundo.

No início de janeiro tirei alguns dias de férias e escolhi vários livros p/ ler. Na volta, com o estoque da bagagem esgotado, fui até a livraria do aeroporto p/ garantir a diversão antes e durante o vôo. Um pouco cansado, optei por dois livretes. Como minha biblioteca anda meio "católica", comprei A força da ternura, do Leonardo Boff.

Livro em formato pequeno e editado pela Sextante já eram indícios que eu não deveria esperar grande coisa. A introdução confirmava: "Nem todos podem ler tudo... Do conjunto dessa obra, distribuída em algumas dezenas de livros. foram selecionados tópicos que pretendem ter uma função seminal. Como a semente contém em miniatura a árvore, assim os tópicos concentram em pequeno o conteúdo dos livros". Função seminal... vou dispensar o trocadilho chulo :)

Temas ricos e complexos são condensados em duas páginas. Algo parecido com o que certos pastores fazem ao diluir o conteúdo da Palavra. Como apregoa o clássico da Cassiane, simplificam tudo: "Tá chorando louve, precisando louve, tá sofrendo louve, não importa louve...".

5Up
"A palavra 'Deus' em sua origem sânscrita é significativa. Provém de 'DI', que significa 'brilhar' e 'iluminar'. De 'DI', nos vem também a palavra 'dia'. Desejar um 'bom-dia' a alguém é desejar-lhe que tenha 'um bom Deus'."

6Down
"Mestre como Cristo, Buda, Gandhi, dom Hélder Câmara e Dalai-Lama são mestres espirituais porque em seus caminhos de vida realizaram por excelência o sentido de de todo caminho, que é de unir dois pólos distantes e complementares. O pólo daquilo que somos e o daquilo que devemos ser; o da realidade e o do projeto; o da história e o da utopia."

cotação: U
Por sua conta e risco

3 comentários:

Anônimo disse...

Êita... Vai ter as manhas de criticar livros publicados pela editora Vida? Só quero ver! rss

Anônimo disse...

Esse eu naum vou comprar, querido!!
Obrigada pela dica.
Bjus

Anônimo disse...

Então você deve ter lido uma entrevista do jornalista Chico Vasconcellos, que diz o seguinte:

Chico Vasconcellos - A minha última pergunta seria a que sua mãe lhe fez: como é que um padre não vê Deus? Como é, você já viu Deus, como é Deus?

Leonardo Boff - Acho que a gente vê com os olhos interiores. Talvez a gente não veja, mas sinta Deus. Acho que toda vez que a gente sente entusiasmo, de levantar de manhã e ter de começar o dia, ter capacidade de estender a mão ao outro... Deus não é um objeto, não é uma entidade, é uma suprema paixão, suprema energia, o que os gregos de uma maneira genial disseram e eu gostaria de dizer, porque ela está presente em nossa língua, que é a palavra "entusiasmo". Em grego, entusiasmo significa ente os mos "ter um Deus dentro". Então, todo o entusiasmo é a essência da vida, é a energia que faz a vida viver. Creio que é essa realidade que penetra em tudo e não se deixa captar, e sem a qual não entendemos nosso vigor, nossa esperança, nosso sonho, nosso entusiasmo, que escapa continuamente e, ao mesmo tempo, nos desafia pra frente e pra cima. Penso que isso é Deus. E cultivar esse espaço, manter a devoção, manter o encantamento e deixar que isso se irradie é obra de alguém que é inteiro. Porque, como disse Santa Teresa, quando se trata de comer galinhas, então comer galinhas, quando se trata de jejuar, então jejuar, quando se trata de lutar ao lado dos sem-terra, lutar com os sem-terra, quando se trata de escrever um artigo, ser inteiro na escritura do artigo. Acho que essa capacidade é aquilo que é a ressonância, que é o resultado da presença secreta, sutil, dessa paixão, desse fogo interior, que nós chamamos Deus.

Muito boa a sua observação a respeito de Boff.

Bjs

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