16.3.07

A cura pelo perdão

Enquanto a gente fica aqui discutindo o sexo dos anjos, lá fora, no meio do fogo cruzado tem gente dando involuntariamente lição de moral no nosso ceticismo.

A menina Priscila Aprigio, de 13 anos, que perdeu o movimento das pernas depois de ser alvo de uma bala perdida num tiroteio em São Paulo, disse que não guarda mágoa dos responsáveis pelo incidente. Saiba mais aqui.

Disse Priscila, em entrevista ao "Jornal Nacional" de ontem à noite:

"Eu não tenho mágoa. Eu só quero que quem fez pague, que não fique uma semana preso e depois saia pra fazer de novo. Quero (justiça) porque isso é uma coisa crítica. Quem está aqui (na minha situação) sabe, né?"

Enquanto a "turma do mata esfola" não vê a hora de enfeitar o pescoço dos malfeitores com um colar de corda, Priscila reage de maneira absolutamente inusitada, colocando em xeque até nossa pretensa humanidade. Priscila simplesmente exercita a sublime experiência do perdão. E não se pode dizer que ela sofre da síndrome de estocolmo - na qual a vítima se afeiçoa ao algoz - porque sequer sabe quem de onde partiu o disparo que a feriu.

Jorge Antonio Barros, em O Globo Online.

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