Na hora do almoço, a turma do Pânico (Jovem Pan FM) ajuda a esquecer o trânsito paulistano. O desafio de continuar engraçado após alguns anos não é tarefa fácil. Na maioria das vezes, as piadas são tão rodadas quanto o Emílio Surita em programas afins.
Dia desses, o âncora da trupe estava lendo um textículo sem graça exaltando as qualidades gastronômicas do Habib's. Ao contrário do que acontece durante as piadinhas mornas, aumentei o volume quando ele mencionou os "ingredientes selecionados" usados no cardápio da rede. Lembrei-me imediatamente das esfihas de carne esverdeada generosamente coberta c/ pedaços de cebola, esperteza paupérrima p/ conferir algum gosto à iguaria que custa apenas alguns centavos.
A trajetória é conhecida. Fausto Silva era underground quando apresentava o Perdidos na Noite. Hoje, o dono do bordão "ô loco meu" derrete-se numa profusão de elogios a qq sub-celebridade que pisa no palco de seu programa modorrento. A diferença está no saldo da conta bancária.
O triste é constatar que a venda do ânimo (pior ainda, da alma), acontece c/ freqüência em outros lugares. Por imposição da gravadora, cantores gravam repertórios que nada têm a ver c/ seu estilo. Pastores selecionam msgs de acordo c/ o que crêem ser a melhor estratégia mercadológica p/ a comunidade. Funcionários de livrarias recomendam a leitura de muitas "obras impactantes". O único detalhe é que não leram nenhum livro nos últimos meses...
Inúmeras vezes repeti que não vale a pena trocar o tempo por grana em uma atividade profissional na qual prazer e realização não fazem parte. Vou mais longe: como acontece c/ o corpo, aluguel de mente tb é uma forma de prostituição. Perdoem-me o laivo romântico, mas pensar nisso me faz alçar uma rápida oração-torpedo: "Deus me livre!"
*chupinhei a corruptela de "blog + crônica" do site http://blonicas.zip.net/. Entre outros, escrevem por lá: Marcelino Freire, Nelson Botter, Xico Sá, Milly Lacombe e Rosana Hermann. Um dos meus sítios favoritos.
20.3.07
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Um comentário:
gostei muito...
beijos,
alê
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