1.3.07

Globo e evangélicos: (literalmente) nada a ver

Há exemplo do que ocorre no Brasil, as igrejas evangélicas brasileiras crescem de maneira vertiginosa nos Estados Unidos. Para se ter uma idéia, eram apenas duas há pouco mais de quinze anos, no sul da Flórida. Hoje são quase duzentas, entre as tradicionais, pentecostais e neo-pentecostais. Não divergem muito do ponto de vista doutrinário. Suas diferenças estão no modo mais ou menos agressivo de conquistar adeptos. São dezenas de denominações, a maioria delas independentes, ou seja, não subordinadas à grupos religiosos já consolidados. E o fenômeno se espalha por todas as regiões dos EUA onde há concentração de brasileiros.

Evidentemente, em primeiro lugar, esse crescimento é diretamente proporcional à grande quantidade de brasileiros que chega diariamente à terra do Tio Sam. Apesar do rigor adotado ultimamente pela Imigração americana, eles continuam chegando de toda parte e por todos os meios. A grande maioria, sem documentação legal. É nessa hora que as igrejas evangélicas exercem um papel fundamental na adaptação do imigrante, geralmente pobre e despreparado. Na igreja, ele encontra o calor humano dos conterrâneos e, principalmente, ajuda para conseguir se estabelecer e dar os primeiros passos em direção ao sonho americano.

Outra razão para se entender o fenômeno desse crescimento é a facilidade de se abrir uma igreja nos EUA. Qualquer pessoa pode fazê-lo, mediante o cumprimento de poucas exigências. Claro que essa porta escancarada permite a entrada de oportunistas, que criam igrejas apenas para benefício próprio. Parece que esse não é o caso da maioria.

O boom das igrejas, entretanto, aconteceu de seis anos para cá, quando a Globo passou a despejar seu sinal nos Estados Unidos. Nos intervalos comerciais do Jornal Nacional, das novelas e dos jogos de futebol, era comum a presença de pastores das mais variadas regiões dos Estados Unidos vendendo seu produto, Jesus Cristo. Todos aumentando seu rebanho.

Suprema ironia. A Globo que vive torpedeando as religiões evangélicas, sobretudo aquelas que estão entrando no segmento televisivo, estava servindo de instrumento para a divulgação das idéias "subversivas" dos pentecostais.

Esta semana, a luz vermelha acendeu na Superintendência Comercial e a ordem do Jardim Botânico no Rio chegou curta e grossa ao representante da emissora nos Estados Unidos. A partir de primeiro de abril, está terminantemente vedada a venda de espaços comerciais a anúncios de cunho religioso, mesmo que isso represente alguma perda de faturamento. Mas esse não é o problema, afinal o que é um tostão pra quem tem um milhão?

O problema é que essas religiões estão crescendo demais e podem abalar as estruturas do império global na medida em que várias delas estão ocupando espaços consideráveis no segmento televisivo, onde a Globo manda e desmanda. E a poderosa Globo, que nunca gostou de concorrência, vai usar de todas as suas armas para derrotar os inimigos.

Observando à distância, porém com grande influência, está a CNBB que se prepara para receber o Papa. Coincidentemente, ela deu à Globo a primazia na cobertura da visita.

Não há como negar, estamos diante de uma guerra santa. O exército global é poderoso, mas não é imbatível.

Eliakim Araujo, no site Direto da Redação.

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