No blog de livros do “Guardian”, Nicholas Clee fala de sua preocupação (em inglês) com o futuro das redes de livrarias convencionais, como Waterstone’s e Borders, que têm fechado lojas aos montes por serem incapazes de concorrer com o preço baixo e a escala massificada dos supermercados de livros – supermercados com aspas, como Amazon, ou sem, como Tesco.
O tema é um dos mais batidos na imprensa literária, mas não faz muito sentido culpar os escribas se a realidade continua a reeditá-lo. Clee até que tenta inovar, atribuindo aos pequenos livreiros de bairro, os chamados independentes, uma vantagem competitiva sobre as redes convencionais – vantagem advinda do charme da seleção idiossincrática de títulos e do contato direto com o cliente. (Infelizmente, o mesmo artigo diz que os independentes estarão extintos em 15 anos, o que parece contrariar o argumento anterior, mas deixa pra lá.)
Eu leio essas coisas e também me preocupo, claro. Não há nada como uma boa livraria real, de preferência com um expresso espumante num canto e um vendedor daqueles que leram tudo o que deve ser lido e ainda têm um GPS mental para encontrar volumes empoeirados em prateleiras improváveis. Mas a leitura do artigo do “Guardian” é interrompida pela campainha.
É o porteiro. Vem entregar uma grande caixa de papelão: a encomenda da Amazon, despachada no dia 23 de fevereiro por cargueiro barato – pressa para quê? –, mas a essa altura aguardada com ansiedade, depois que até já paguei pelos 13 volumes no cartão de crédito, dólar a R$ 2,12. Vou buscar uma faca para abrir a caixa e, dentro dela, o plástico grosso que envolve numa única bolha as duas pilhas de livros. Estou excitado como uma criança com seu ovo de Páscoa.
Esqueço de voltar ao artigo de Nicholas Clee.
Sérgio Rodrigues, no blog Todoprosa.
28.3.07
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