Já temos um astronauta, e em breve teremos também um santo “Made in Brazil”. É com muito orgulho que a pátria amada preenche todos os espaços com filhos seus. Ó mãe gentil.
Devemos estar mesmo em fase boa. O presidente dos Estados Unidos fará em breve uma segunda visita ao país. Duas visitas em um só mandato: recorde histórico.
Claro que o presidente George W. Bush não nos fará uma visita para falar do nosso astronauta ou do nosso futuro santo. Ele está mais preocupado em conseguir informações sobre o nosso álcool combustível, o nosso bio-diesel e o nosso amigo, presidente Chavez da Venezuela.
Somos portanto um país objeto. O romance do presidente Bush conosco é interesseiro, e não poderia ser de outra forma, no mundo de hoje.
Muita gente está interessada no nosso Brasil varonil. Mais gente de fora do que coleguinhas compatriotas. Aqui somos críticos impiedosos. Lá fora nos tratam com mas condescendência.
É curiosa também esta contradição dos brasileiros. Alternamos momentos de intensa autocrítica com o ufanismo barato e cego. Os preparativos para os jogos Pan Americanos do Rio são o melhor exemplo desta contradição ambulante que somos. Nos revolta o estômago saber que o Pan vai custar dez vezes mais do que o previsto (quem fez o orçamento original? O santo ou o astronauta?) Nos sossega a alma acreditar nas reportagens indicando uma farta colheita de medalhas.
Seria até interessante calcular depois o valor em reais de cada medalha. Se incluirmos o custo das obras do Pan talvez saísse mais barato ceder a cada um dos atletas o equivalente ao seu peso em ouro. E como sempre acontece: o custo Edinanci Silva do judô acaba compensado pelo de Hugo Hoyama do tênis de mesa.
Depois de Bush, nos visita o Papa. Novas contradições estarão expostas. O Brasil vai se ajoelhar aos pés de um santo padre que quando era apenas um cardeal foi instrumento de ataque a muitos brasileiros do bem.
Que a visita do papa nos sirva de inspiração pois é justamente isso que talvez nos falte: um papa brasileiro. Que Deus dê longa vida a Bento XVI, assim teremos tempo de produzir um papa brasileiro para substituí-lo. Amém, “Made in Brazil”.
Mario Andrada e Silva, no site Direto da Redação.
3.3.07
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário