"O catolicismo se fossilizou." A afirmação é do teólogo católico Leonardo Boff, ex-frade franciscano e principal voz da Teologia da Libertação no Brasil, uma filosofia que se espalhou pela América Latina nos anos 1970 e 1980 ao aproximar o marxismo das pequenas comunidades eclesiais de base em tempos de ditadura militar.
Em 1985, Boff foi silenciado por Joseph Ratzinger, então prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé (o antigo Tribunal da Inquisição), por causa de seu livro "Igreja: Carisma e Poder". Deixou de ensinar, de escrever e de falar em público. Em 1991, ele pediu ao papa João Paulo II dispensa de seus votos, abandonou a batina de frade e a vida religiosa.
Boff garante que não abandonou a igreja, que considera sua "pátria espiritual". Sua rotina inclui dar cursos e conferências no Brasil e no exterior, onde foi também professor visitante nas faculdades de teologia de Harvard, Basiléia, Heidelberg e, agora, de Aachen, na Alemanha. O teólogo afirma estar hoje mais preocupado com ecologia como novo paradigma do que com o destino das igrejas, quaisquer que sejam.
"O importante é o destino da Terra como Gaia e da humanidade", diz ele em entrevista ao Valor. "Ambas correm já grandes riscos derivados do superaquecimento global e da sistemática exploração dos recursos naturais."
Diante desses temores, ele se pergunta em que medida o cristianismo colabora na construção de um futuro que possa incluir todos naquilo que chama de uma única "casa comum que temos para habitar".
texto de abertura da entrevista que Leonardo Boff concedeu à jornalista Marilia Cesar, do Valor Econômico.
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