Professores nas ruas e não nas classes, colégios vigiados por policiais antidistúrbios, centenas de milhares de alunos sem começar o ano letivo de 2007 e um confronto entre o governo federal, que quer recuperar o que foi um dos sistemas educacionais públicos mais prestigiosos da América, e vários governos provinciais - alguns de tendência política contrária - que freiam a reforma. Esse é o panorama deste início de ano no ensino público argentino, agravado pela morte de um professor pela polícia de Neuquén, onde se misturam salários muito baixos, falta de meios e a consciência da necessidade urgente de implementar a lei aprovada em dezembro pelo governo.
Os números são claros: 40% dos jovens deixam de estudar entre os 13 e os 18 anos e 8% dos adolescentes nem sequer terminam o ensino obrigatório.
O governo argentino tenta mudar o panorama com uma lei que entrou em vigor este ano, segundo a qual a educação é considerada um bem público e o Estado é encarregado de garanti-la; além disso, fica explícito que não pode delegar essa obrigação. Uma lei de financiamento complementar estabeleceu que 6% do PIB serão dedicados integralmente à educação primária e secundária.
O desafio agora é conseguir que os propósitos passem à realidade. É que algo tão básico quanto o aumento do salário mínimo acima do nível de pobreza, para 260 euros, causou uma onda de mobilizações depois da negativa de várias províncias a aplicá-lo ou realizar aumentos proporcionais ao decretado pelo governo federal. "Precisamos de pelo menos 20 anos para nos recuperar", afirma Stella Maldonado. E apesar de o tango dizer que "20 anos não é nada" a educação argentina se dispõe a empreender um longo caminho de volta.
trecho de matéria publicada em 24/4 no jornal El Pais.
25.4.07
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