O culto mais uma vez vai rolar solto, com a habitual falta de planejamento disfarçada de “liberdade para o Espírito”. Diversas cidades proibiram o uso de animais amestrados, mas a restrição infelizmente não vale para igrejas.
Chimpanzés, cavalos e leões estão livres dos números circenses, mas ovelhas continuam sendo estimuladas a repetir frases e gestos, sem esquecer do chatésimo “agora todo mundo profetizando para o irmão do lado”. Típicos em palestras de motivação ministradas (ops) por preletores despreparados, esses recursos toscos por vezes enchem... mais a paciência dos fiéis do que o ambiente de unção.
O pastor se preparou (ou ao menos deveria) durante horas. Pesquisou em diversos livros, descobriu preciosidades escondidas nas Escrituras e usou princípios de exegese, hermenêutica e homilética para alimentar adequadamente o rebanho.
No entanto, a galera do louvor geralmente não dedica o mesmo cuidado na hora da preparação. Músicas são escolhidas ao acaso (ou conforme as preferências musicais de quem lidera), a passagem do som resume-se a contar até três e, pior, quem dirige o louvor manda bala no improviso. Como aconteceu com o rei daquela historinha conhecida, frases feitas e gracinhas apenas revelam a nudez e o despreparo. Pelados na platasforma...
“Nós todos adoramos vencer, mas quantas pessoas adoram treinar?”, dizia Mark Spitz. O maior nadador olímpico de todos os tempos sabia do que estava falando. Se tivesse nascido na terra do jeitinho e da Bruna Surfistinha, o cara descobriria que por aqui o que é diminutivo também faz sucesso. Inclusive no quesito “caráter”.
Muitos músicos crentes babam de raiva ao ouvir as teorias de Darwin. Na prática, porém, parecem crer que a quantidade provocará o surgimento de qualidade. Esquecem-se de que o improviso dos jazzistas é fruto de altíssima quilometragem de dedicação e estudo. Em tempos de mantras e clichês, repetem sem parar a expressão típica de Macunaíma: “Ai que preguiça”.
Egoísta e oportunista, o anti-herói de Mário de Andrade abusou dos agás, sempre tentando se dar bem. Numa ilustração interessante do que rola em muitas igrejas, a trajetória do vagabo do romance culmina com a decisão de virar uma estrela. Macunaíma, o levita. Até quando?
Sérgio Pavarini é jornalista e marqueteiro e de-tes-ta ser chamado de “levita”.
meu texto de estréia no Jornal Palavra. Escrevendo s/ artes & música, pretendo "afligir os confortáveis". Para "confortar os aflitos" já tem bastante gente por aí... :)
28.4.07
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5 comentários:
uoal!!
vou ficar no ritmo do comentário anterior e dizer apena:
"uuhuhuhuhh!"
Arrasou, brother. Como sempre!!!
Não sei quanto tempo tem este artigo, apesar de possuir um conteúdo verdadeiro, não pode ser aplicado como regra, conheço diversas pessoas realmente compromissadas com Deus e com sua comunidade crista, e que estão trabalhando com musica e louvor em igrejas a muitos anos, e estão bem longe dos exemplos citados.muitos dos que iniciam no ministério de musica começam com olhos realmente voltados para fama e coisas do tipo usando os argumentos citados, entretanto sofrem uma selecao natural nos ministérios sérios, onde acabam necessitando se reciclarem através da palavra de Deus para prosseguirem ou acabam sendo naturalmente substituídos com o passar dos tempos. O apelidado evita de hoje tem que ter compromisso com Deus e conhecimento de Sua palavra caso contrario sua passagem neste ministério como líder tem duração curta. entretanto todos tem que começar de uma posição inferior para chegar a uma posição adiante num processo continuo, assim como alguns que um dia sequer sabiam escrever, hoje são "Marqueteiros" da midia eletronica.em tudo existe um processo onde só Deus pode julgar certos e errados, para aqueles que foram agraciados por Deus com um conhecimento a mais, cabe o dever de ensinar mais e criticar menos, como verdadeiros geradores de discípulos seguindo o ide de Jesus.
Sérgio,
Excelente texto... Tem muito "levita" por aí que tem "sindrome do Romário": "Treinar pra quê? Se eu já sei o que fazer?"
Abração,
Ricardo (marqueteiro tbm...hehehe)
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