"Estamos vivendo uma época em que a história prendeu a respiração e o presente está se destacando do passado como um iceberg que tenha se desprendido para navegar num oceano sem limites."
Arthur Clarke, autor de O fim da infância e 2001 - Uma odisséia no espaço.
A espiritualidade entrou na agenda de milhares de profissionais. Pessoas de todos os credos têm consultado os gurus da espiritualidade sobre gestão, equilíbrio entre vida pessoal e carreira, liderança de equipe, entre outros temas. Muitos se reúnem em grupos de discussão para explorar os aspectos espirituais de uma vida próspera. Nos Estados Unidos, empresas promovem verdadeiros "shows da fé" para seus funcionários. Algumas delas pagam 45 000 dólares por uma palestra sobre Cristo e seu estilo de liderança. A livraria virtual Amazon.com oferece 10 000 títulos sobre o assunto. No Brasil, a Livraria Cultura lista cerca de mil.
Afinal, quem não necessita de uma bússola, um guia ou um mentor? Como dizia o guru norte-americano Warren Bennis: "Se você não está confuso, você não sabe o que está acontecendo". No mar de incertezas em que navegam os profissionais - em ambiente corporativo extremamente complexo, revolto, competitivo e inseguro -, os novos pregadores transformaram os ensinamentos de Cristo em técnicas de auto-ajuda. São escritores, consultores e pregadores do casuísmo. Usam o texto sagrado para buscar argumentos que embelezem suas teses precárias.
O autor de Jesus o Maior Psicólogo que Já Existiu, Mark W. Baker, considera como princípios espirituais lugares-comuns do tipo: "A mudança nem sempre é um hóspede bem-vindo" e "Aqueles que não aprendem com o passado vivem presos a ele".
Em A Sabedoria de Salomão no Trabalho, de Karen Manz, Robert Marx e Christopher Neck (Ed. Futura), o que menos existe é a sabedoria de Salomão. Não se enganem. É a obviedade travestida de iluminação e sabedoria.
A força dos ensinamentos de Cristo não nascia de técnicas articuladas apenas por raciocínio lógico e linear. Ele falava por parábolas e, muitas vezes, seus discípulos não as compreendiam. Não há qualquer registro histórico de que Cristo discutisse com eles sobre a arte de falar em público, comunicação eficaz, negociação, planejamento estratégico, motivação e sucesso. Não havia em seu colegiado de discípulos nenhum MBA, PhD ou estrelas corporativas. Todos eram homens simples e desprezíveis aos olhos de qualquer executivo do século 21 e não passariam nos recrutamentos atuais. (continua)
fonte: Você S/A
16.4.07
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