26.5.07

De volta pra casa

A literatura é uma das representações mais irreais da vida. Tudo nela é falso, artificial, pensado e repensado à exaustão. A partir do momento que abrimos um livro, nada mais é natural. Só o fato de que ambos, escritor e leitor, precisaram passar por anos de estudo, um para escrever, outro para decifrar o código que ali está, já coloca a literatura a uma distância abissal das coisas simples da vida. No entanto, só ela é capaz de nos levar de volta àquela sala de jantar da casa onde passamos a infância e nos fazer sentir de novo o cheiro da janta que a mãe prepara na cozinha e nos trazer de volta o beijo do pai chegando do trabalho, mesmo quando não existe mais casa nem mãe nem pai.
-x-
Ivana Arruda Leite, no blog Doidivana
ilustração: patricia woll

Um comentário:

Anônimo disse...

Diz a Professora Eni Orlandi, da Unicamp (Ave!), que não lemos um livro: somos lidos por ele. Isso quer dizer que nossas experiências, nossas outras leituras (e daí a noção de hipertexto...), o que somos... tudo é passado em revista quando lemos algo. Isso é mais hermenêutico. É a Análise do Discurso francesa, focada em Foulcaut (sob o tripé sujeito-história-ideologia)

Essa posição é contestada pela Professora Ingedore Koch, também da Unicamp (Ave!), que dentro da perspectiva da Análise do Discurso trabalha mais com a Lingüística textual, que nasceu na Alemanha (mas teve em sua origem o clássico 'Coesão da língua inglesa', de Hallyday e Hasan) dentro de um contexto sociocognitivo interacional.

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