Logo na primeira linha do livro encontrei um cacófato. Tentei expulsar o “editor que vive em mim” (obrigado, Mr. Manning), mas não foi necessário. Se foi complicada a tarefa de traduzir o título Blue like jazz para o português, foi fácil apaixonar-se pela leveza com que Donald Miller trata das questões relacionadas à vida e ao Criador. Como os pingüins me ajudaram a entender Deus (Thomas Nelson Brasil) é totalmente diferente das obras cristãs que abarrotam as prateleiras por aí. Um caso raro em que “a espiritualidade cristã é uma fé confiável tanto para o intelecto quanto para o espírito”, nas palavras do autor.
Combinando humor a uma pureza que não teme expor quaisquer tipos de aflições da alma, Miller certamente vai desagradar uma pá de gente. Afinal, não é todo dia que a gente encontra em livros cristãos pastores que falam palavrões e crentes que fumam, só para ficar em dois pontos controversos. No entanto, é impossível permanecer indiferente à paixão intensa que o escritor nutre por Jesus. Um presentão para quem curte bons livros.
trechos selecionados
Algumas vezes você precisa ver alguém amar alguma coisa antes de você mesmo conseguir amá-la. É como se a pessoa estivesse mostrando o caminho.
Fico pensando por que Deus se refere a si mesmo como 'Pai'. À luz da representação terrena do papel, isso a mim parece um erro de marketing. Por que Deus iria querer chamar a si mesmo de Pai quando tantos pais abandonam seus filhos?
Eu também usava muitos palavrões. Não aqueles palavrões de igreja - putz e maldição, cacilda e caraca - mas grandes palavrões sonoros.
Se não estivermos experimentando alguma espécie de conflito em nossa vida, nossos corações não reagirão ao conflito em livros ou filmes.
Eu acreditava que, se continuassem a falar sobre graça, toda a Igreja iria se transformar em um bordel. Acho que eu realmente era uma besta.
Estávamos muito orgulhosos de nós mesmos porque tínhamos lido boa parte das Escrituras e não tínhamos engravidado nenhuma garota.
O amigo de Rick estava fumando um baseado no quarto ao lado. Rick ri quando me conta que ofereceu um tapinha aos pastores e que não ficou muito ofendido quando eles recusaram.
Deus dirige-se a nós com gentileza. Ele muda nosso caráter com a paixão de seu amor.
Gosto de fazer caridade, mas não quero merecer caridade. É por isso que tenho tantos problemas com a graça.
Nosso "comportamento" não será modificado por muito tempo com autodisciplina, mas, apaixonado, o ser humano irá conseguir o que nunca considerou possível.
-x-
Um comentário:
Eta jabá do bom esse. O livro realmente merece tamanho destaque. Espero que os irmãos o descubram como uma leitura que traz frescor ao que estamos vendo e vivendo por aí. Beijão!, Ju
Postar um comentário