5.5.07

Mancada (3)

Se a fogueira for mesmo o destino dos 10.700 exemplares da biografia Roberto Carlos em Detalhes, recolhidos nesta primeira semana de maio por ordem da justiça, do galpão da editora Planeta, não posso deixar de pensar que, infelizmente, o Brasil também chegou em frente ao portão do Estado totalitário imaginado pelo autor americano Ray Bradbury, em 1966, quando escreveu Fahrenheit 451. Não só chegou ao portão, como também passou por ele para pôr em prática o que no Oriente Médio já é comum e que entre nós ainda era apenas uma história de ficção científica.

A proposta do romance Fahrenheit 451 adaptado para o cinema por François Truffaut e Jean-Louis Richard é contar a história de um país fictício onde a literatura é vista como um mal que só traz infelicidade, onde todo tipo de material impresso é queimado por bombeiros que, ao contrário de apagar, têm a missão de promover incêndios. O título Fahrenheit 451 é uma referência à temperatura que os livros são queimados. Convertida para Celsius, equivale a 233 graus.

A bordo de uma espécie de calhambeque pós-moderno vermelho, os bombeiros incendiários patrulham os habitantes sempre em busca de livros e bibliotecas. Queimam todas que encontram com a ajuda dos delatores, que denunciam os poucos que ainda consideram os livros amigos, fiéis e camaradas, de tantos caminhos e de tantas jornadas. Umas das cenas mais chocantes é protagonizada por uma senhora apaixonada por literatura, uma lady mesmo. Numa prova de amor às obras literárias que escondia em casa, a leitora prefere morrer com elas na fogueira do que abandoná-las na hora da morte.

trecho de "Jesus Cristo, os livros estão aqui", texto de Lucius de Mello no Cronópios. Leia mais

Um comentário:

Anônimo disse...

Gente pra que tanto alarde!
Qual a relevância da vida dele para o nosso país?
Além do mais estamos num país de iletratos, caiam na real.
Quem lê já comprou o seu, se é que isso somaria a cultura de alguém.
Fico imaginando o Pavablog fazendo referência a frases deste livro, com certeza não.
Esse cara é no mínimo, insosso, na ditadura foi sustentado pela plim...plim, não contribuiu para a cultura do Brasil, nem na abertura, quando todos os artistas se uniram.
É cria de marketing; novela mexicana pura, o que os senhores estão fazendo pra ele, é valorizar o esquecido em algum dezembro passado.
Quem dos indignados possui a obra completa do "rei"?, alguém pode responder? Ou um mero Cd do ano passado, vai me dizer que alguém aí ou já deu de presente pra alguém?
Se não fosse por esse sensacionalismo barato, os livros já estariam esquecidos, empoeirando nas prateleiras.
Ah! entendi, vcs estão colecionando, pra vender no câmbio negro, hum!!!!

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