Maurício
A não ser que seu gerente tenha ligado para você porque a empresa estava pegando fogo ou por outro motivo de extrema urgência, é claro que ele está extrapolando. Mas, evidentemente, a empresa não lhe deu um celular para sua comodidade pessoal. Deu para que você pudesse estar à disposição 24 horas por dia, 365 dias por ano. Você pode tentar estabelecer o limite entre o razoável e o intolerável, simplesmente desligando o celular durante suas horas de lazer. Mas não adianta você fazer isso se seus colegas supervisores não fizerem. Portanto, você deve conversar com seus colegas, saber a opinião deles e, se houver um consenso, o grupo deve levar a questão para o gerente. Só que eu não creio que você vai conseguir uma unanimidade ou mesmo uma maioria. Muitos de seus colegas devem estar se sentindo felizes e orgulhosos por receber chamadas no fim de semana. Você é uma exceção, Maurício. As empresas se orientam pela regra.
Há oito meses, meu diretor me propôs dirigir uma filial de vendas em outro Estado. Parecia uma oportunidade de ouro, tão boa que meu marido pediu demissão para me acompanhar. A filial vai bem, mas o resto vai mal. Hoje, moro num apartamento pequeno, meu marido não conseguiu um emprego equivalente ao que tinha e tive de transferir meu filho para uma escola pública. O que devo fazer?
Rachel
Você está sofrendo duplamente, Rachel. Pela situação atual e pela falta de perspectivas. Eu diria que a segunda está fa-zendo a primeira parecer pior do que é. Você precisa discutir com seu diretor – sem mencionar o drama financeiro e familiar – qual será seu futuro na empresa. E tentar negociar, com base em seus bons resultados, um retorno ou uma nova transferência. Se ele lhe disser que essas duas possibilidades não são factíveis no médio prazo, você terá de decidir entre sua carreira (mes-mo que tenha de reiniciar num patamar mais baixo) e a estabilidade de sua família. Certamente, você decidirá pela família. Mas, antes disso, esgote todas as possibilidades de negociação.
Estou me sentindo meio parado. Nunca fui de correr grandes riscos, e minha vida profissional empacou. Qual é o melhor momento para arriscar?
Matheus
Aquele em que o cérebro e o coração agem coordenadamente, Matheus. Arriscar na base da emoção, ou do descontentamento com uma situação, ou num instante de raiva ou frustração, raramente dá certo. Originalmente, a palavra italiana risco era sinônima de “perigo”. Hoje, é um misto de coragem e um mínimo de bom senso.
Só preciso de uma palavrinha de incentivo.
Miriam
Fé.
Fé.
Max Gehringer, na revista Época.
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