Das tragédias masculinas a cegueira pelo futebol sempre foi a mais grega e incompreensível por parte das mulheres.
A loucura ludopédica é paixão sem medida, sem luz, enviesada, carregada de todas as trevas, capaz de fazer a criatura trocar um romântico cinema-de-mãos-dadas por uma pelada qualquer, debaixo de chuva, mesmo que seja contra o Íbis, considerado, amigas, vejam só, o pior time do mundo, mesmo que a donzela não acredite que isso seja humanamente verossímil.
Não há miséria maior para a alma masculina do que o apego aos onze semelhantes que o defendem na mais épica das batalhas. O grito fanhoso de gol que vem de lá dos porões de todos os canteiros de obras, do fundo da mais suja das pensões de Santa Cecília, São Paulo, ou do sótão onde morei na Barão de São Borja, no Recife de todas as dores de amores emparedadas.
Domingos capazes de derrotar o mais brutamontes dos homens, o mais seco, o mais sem emoção, o mais sem sangue nas veias.
É, amigas, não há tragédia mais incompreensível do que a devoção por aqueles marmanjos suados tentando acertar o barbante inimigo. Embora algumas mulheres curtam também futebol e já tenham decifrado até a lei do impedimento, não há fêmea que compreenda essa nossa linda infantilidade. Meus Deus, como o homem é um bicho simples e besta.
fonte: blog do Xico Sá
19.5.07
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