O Fantástico exibiu no domingo (10/6) a matéria "Ser dono ou empregado?", no quadro "Emprego de A a Z". Por se tratar de um assunto de interesse, decidimos acompanhar. Mas logo de saída o arrependimento começou a bater e veio a decepção. Para começar, o apresentador do quadro, Max Gehringer, soltou a afirmação: "Ser dono ou empregado não é uma questão de escolha, é uma questão de vocação".
Como filósofa que sou, não pude deixar de desdobrar a afirmação do sr. Gehringer. Por detrás desta frase há uma concepção antropológica, uma concepção acerca da natureza humana de caráter determinista. Ou seja, o ser humano não é capaz de escolher aquilo que deseja ser, não é capaz de mudar, de pensar e agir diferente; o ser humano já nasce com determinadas capacidades as quais o levarão a fazer inevitavelmente certas coisas e jamais outras. Enfim, há aqueles que nascem para mandar e há aqueles que nascem para obedecer.
Como se isso não bastasse, as afirmações continuaram: "Se você gosta de trabalhar em grupo e ouvir a opinião de outras pessoas, então você nasceu para ser empregado. Se você gosta de decidir as coisas sozinho e não aceita palpites, então você nasceu para ser dono".
Gostaria de saber a qual século o sr. Gehringer se refere. É conhecimento corrente mundo afora que uma das principais características de um verdadeiro líder é a capacidade de trabalhar em grupo. Para tanto, o diálogo é fundamental. E diálogo envolve tanto saber falar quanto saber ouvir. Ao que me parece, o sr. Gehringer baseou a sua fala numa concepção estereotipada advinda de muitos séculos atrás. Leia mais
trecho de "Mentalidade de colônia na TV", texto de Camila Medeiros Hochmüller Abadie no site Observatório da Imprensa.
18.6.07
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2 comentários:
Também fiquei estupefata com a matéria. Para ele, há uma determinação biológica e histórica para quem é patrão e empregado. E, em seu discurso, fica claro que o patrão é superior e o empregado é inferior. Os artigos desse senhor na revista Época também são o cúmulo da mentalidade subserviente neo-liberal imperialista. Já li uma carta que perguntava: "O meu chefe me dá ordens que considero injustas, não devo discutir isso com ele?" E o Max respondia: "Se ele é seu chefe, tem o direito de lher dar ordens, ainda que você as considere injustas."
Ninguém merece ouvir/ver/ler o que esse capacho acéfalo produz.
eu gosto dele. ele reflete as coisas como elas são. por pior q sejam.
eu acredito nessa vocação, e convenhamos que os chefes, no geral, diretores etc apresentam um caráter mais agressivo. geralmente, líderes apresentam esse perfil.
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