Estamos todos chocados, tristes, obviamente. Mas, além da tristeza, reside a indignação, e me vêm à mente as tantas mentiras que “construíram” essa companhia aérea que hoje voa prosa pelo mundo chamada TAM.
Quase um acidente Edipiano? Sim, porque a aeronave parece ter ido ao encontro do seu "prédio mãe" e, com esse ato, destruiu-se e destrui-o (a). Beckett escreveu (quando seu Godot estava no auge, sendo dissecado por acadêmicos do mundo inteiro) “No symbols where none intended” (não enxergem símbolos onde eles não existem). Mas como isso é possível? Esse evento foi trágico, mas também foi autofágico.
E agora querem fechar o aeroporto de Congonhas. Estou completamente indignado com isso e explico porquê. Congonhas está lá há décadas, desde os anos 50 se não me engano, e tem uma ”ficha limpa”, das mais limpas. Se formos examinar quem mais sujou essa ficha, sempre chegaremos ao nome da mesma empresa: TAM.
Não quero agora, justamente agora, ficar bombardeando essa empresa que está enterrando seus próprios mortos, mas o fato é que lhe falta técnica, tecnologia, experiência e o que eles têm - em demasia - é ganância: fizeram (e conseguiram, através de pressão e lobby politico, desmantelar a VARIG. Com isso, deixaram mais de onze mil funionários dignos e experientes, desempregados.
A TAM é uma companhia aérea cujos aviões caem, derrapam mundo afora, seja em Paris ou em Londres. A gente tende a querer esquecer eventos trágicos/históricos, mas eles residem no nosso lado sombrio. No momento em que escrevo, um Fokker da TAM acaba de arremeter na pista 17, uma pista auxiliar. O Governo Lula sempre protegeu a TAM e sempre tentou jogar a culpa em algum outro órgão.
Congonhas é perfeitamente viável, sempre foi. Agora imaginem: Cumbica já não está dando conta dos vôos que entram e saem, e se ainda tiver que somar a ponte aérea? Mas não é esse o problema!
A grande vantagem da ponte aérea é que ela nos leva de centro a centro, sendo que a pista do Santos Dumont é ainda mais curta. Sim, ela termina em água, no caso de algum desespero. Mas existem “curativos” para esses desesperos, como o que foi adotado aqui em La Guardia: no final da pista um trecho de concreto “macio” e de efeito quebrável-travesseiro, de forma que a aeroave vai sendo freiada pelo quebrar do concreto e não despenca, não bate, nao derrapa, só vai diminuindo a velocidade, entende?
Se Congonhas for desativado - justamente agora que passou por uma mega reforma - enfrentar o trânsito da Marginal e da Dutra ou da Ayrton Senna (na hora do rush, esquece! Com aquelas Kombis capengas e aqueles caminhoes desdentados)… Imaginem que loucura! Gastaremos umas três horas, entre trânsito e check in, para fazer um vôo de 35 minutos.
Houve sim um enorme êrro (sic) no que diz respeito ao maravilhoso Congonhas: a ganância das construtoras (com a conivência da prefeitura) que ergueram em torno do aeroporto prédios altíssimos da alta burguesia (ou novos emergentes de Moema, sei lá).
Então, no caso de demolição, sugiro que deixem Congonhas lá, pois serve para uma enorme gama de pessoas e faz dinheiro. E que se melhorem as condições de proteção em ambos os lados das pistas (como esse do concreto mole)…. e destruam os prédios da burguesia.
E tomem cuidado a cada vez que um comandante/piloto estiver na beira de um tapete vermelho estendendo-lhe a mão. Ele tem que estar em seu cockpit, checando até o último dos últimos minutos os seus instrumentos.
Não irei entrar em detalhes pesssoais de superfaturamento de passagens, cartão que nunca veio, etc… Como disse antes, esse é um momento de tragédia, mas quem sabe com a ajuda da NSTB (National Safety Transportaion Board) a black box (boa analogia pro teatro que acontece numa black box, caixa preta) nos trará uma versão ainda mais trágica do que já sabemos? Afinal a pista sem os “grooves:” estava funcionando há duas semanas. Isso, sem dúvida, é um crime.
O Brasil está se torndo inviável por todos os lados. Obrigado Lula pela sua usual negligência e demagigia (sic) stalinista. Obrigado Zé Dirceu por ter tornado a TAM tão potente. Como você vê, essa potencia (sic) é artificial, assim como uma pílula de Viagra. Passado o efeito…
Gerald Thomas, em texto publicado no site Direto da Redação. Há algum tempo, o diretor teatral escreveu Quando a cultura pesa, artigo defendendo a Varig.
24.7.07
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário