Acumular as férias é acumular a vontade de lazer. Lazer acumulado é tensão. É como se pairasse no ar a obrigação de ser feliz. Obrigação não é prazer. O prazer se converte em culpa. Procuramos nas férias os dias úteis quando o correto é se deliciar com a inutilidade dos dias. O erro é tratar as férias como extensão do cotidiano, com tarefas e objetivos a cumprir. Tarefas viram deveres. Deveres viram trabalho. É um momento para procurar aquilo que se desconhece, arriscar novos sinais, despistar os comandos. É uma trégua para se inventar mais do que repensar. Férias são sagradas, mas se recomenda profaná-las durante o ano para não sobrecarregar o desejo. Nunca depender de sua salvação em uma única prestação. Até porque a salvação não marca hora como um médico. Ócio criativo é apenas uma desculpa para trabalhar no final de semana. Prefiro o ócio destrutivo: levar a casa para a exuberância dos improvisos.
fonte: blog do Fabrício Carpinejar
Um comentário:
Então sou especializada em ócio destrutivo!
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