Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara… E foi assim que o nosso Cristo tornou-se a terceira maravilha do mundo, abençoando a Cidade Maravilhosa, de onde se descortina uma das mais lindas paisagens do planeta.
Por ironia do destino, temos um monumento que pertence agora ao acervo da humanidade no exato momento em que o país, mais precisamente o Rio, vive um de seus piores momentos na escalada da violência urbana. Do alto do morro do Corcovado, ele, ainda que feito de pedra, mostrou que mais uma vez Deus é brasileiro.
Pode parecer utopia ou um assomo de pieguice, mas, quem sabe, essa honraria não veio em boa hora para que as pessoas, principalmente nossos homens públicos, pensem melhor nos atos que praticam (ou deixam de praticar), e sintam-se responsáveis pela imagem de uma cidade que abriga uma das maravilhas do mundo? Será que pode funcionar desse jeito? Sinceramente não sei.
Para os místicos, não importa a que religião pertençam, a escolha do nosso monumento pode representar um sinal de Deus, um alerta à população para a sua existência, materializada na imagem do Cristo. Para os céticos, certamente a escolha é apenas um reconhecimento da grandiosidade de um monumento, uma fantástica obra de engenharia construída numa elevação de mais de 700 metros.
Já os administradores da cidade devem estar de olho na polpuda renda que a atração turística pode representar. O local, que é parada obrigatória em qualquer roteiro de excursões turísticas, melhorou muito sua infraestrutura com escadas rolantes que podem levar as pessoas até quase aos pés da imagem. E agora tem tudo para aumentar incrivelmente sua arrecadação. É preciso apenas que o Rio consiga apagar no exterior sua fama de cidade insegura para os turistas.
Mas a eleição do Cristo como maravilha mundial representa muito mais do que isso para o povo brasileiro. Tem um sabor especial de vitória, quase como uma Copa do Mundo. Várias campanhas foram feitas em todos os meios de comunicação para que o Cristo fosse eleito. A votação foi acompanhada passo a passo pela Internet, a torcida mobilizou-se. Nessa hora não houve bairrismo de ser ou não carioca, o importante era ser brasileiro e ter um monumento reconhecido como “maravilhoso”.
Dessa mobilização popular para a vitória do Cristo, pode-se tirar uma importante lição: O povo, quando quer, tem força suficiente para se fazer ouvir. Isso significa que - a frase é velha mas oportuna - “o povo unido jamais será vencido”.
Ou seja, por que não usarmos essa garra e esse poder de mobilização em prol de causas que venham a mudar realmente a qualidade de vida da maioria da população brasileira?
Afinal, o Cristo Redentor está de braços abertos sobre nós.
Leila Cordeiro, no site Direto da Redação.
10.7.07
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