30.7.07

O consumidor é culpado?!

"Quem se escusa se acusa."
Provérbio

Pirataria é um flagelo. É péssimo sob qualquer ângulo de consideração e análise. O marketing de qualidade abomina e repele qualquer ação nesse sentido. Mas daí a culpar o consumidor pelo seu sucesso e prosperidade vai uma distância descomunal.

O consumidor cidadão paga ao governo para que garanta a formalidade e legalidade dos negócios; se deixa de cumprir suas obrigações e possibilita que a ilegalidade cresça e prospere não faz o menor sentido colocar a culpa em quem confiou, compulsoriamente, em seus serviços.

Estudo realizado pelo Provar (Programa de Administração do Varejo) acusa o consumidor de conivência e não faz a menor menção à inoperância do Estado – o verdadeiro culpado dessa situação lamentável.

O estudo consistiu de 500 entrevistas com consumidores da cidade de São Paulo. E constatou que 35,2% deles fazem compra regularmente dos produtos piratas, que 54,4% compraram produtos piratas recentemente, que 48,1% não relacionam esse tipo de negócio com o crime organizado, que 91,7% compram esses produtos pelo preço, que 67,9% dos produtos adquiridos são de CDs e DVDs, e que 21,2% acreditam que comprar falsificação traz status; uma espécie de diploma de "esperteza".

Qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade e experiência na análise desses dados conclui:

1 – Que a maior parte dos compradores desses produtos o faz pelo preço e não teria a menor possibilidade de comprar o produto original;

2 – Que é mais difícil para uma pessoa comum relacionar essa sua compra com o crime organizado que para uma pessoa jurídica investir em atividades que beiram a ilegalidade, escondendo-se dos ônus decorrentes dessas incursões em suas marcas principais;

3 – Que o "trazer status" para esse tipo de compra não passa de uma racionalização porque o que gostariam mesmo era de comprar o CD e o DVD originais, com a capa verdadeira, com toda a documentação e crédito, mais os extras só presentes nos originais.

Por outro lado o estudo não relatou, e aí está uma falha grave que camufla o que precisa ficar escancarado, que esses produtos foram comprados nas ruas do centro da cidade, em lojas de shoppings e da Avenida Paulista, onde a fiscalização deveria ser rigorosa e impedir a venda de produtos ilegais.

Isso é tão verdadeiro que neste momento a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), diante da lassidão do Estado, acaba de criar a UDC (Unidade de Defesa Comercial) que tem entre seus principais objetivos o combate à pirataria: "Vamos formar uma frente para defender a indústria brasileira contra o comércio desleal, contra a sonegação e a pirataria e tudo o que tem ocorrido de prática desonesta nessa área" – Roberto Giannetti da Fonseca, diretor da Fiesp.

Francisco A. Madia, no jornal Propaganda & Marketing.

2 comentários:

MamaNunes disse...

Que loucura hein??
Eu me apego ao fato de que a maioria de nós(me incluo) não tem a menor condição de consumir cultura. Quem pode comprar livros, cds, filmes...? Quem pode assistir um show, ir ao cinema??? E como é que se controla o fluxo da internet com suas facilidades?
Precisamos rever tudimmmm...afffff. Mas não dá prá ser fora da lei (ô dó hehehe)
Um abração mano.

Anônimo disse...

Coitado do diretor da Fiesp que acha que criando uma sigla vai resolver o caso da pirataria.
Que culpa temos nós se o preço de um filme pirata "lançamento" custa 50% menos na feira semanal do que na locadora de videos??
Hoje em dia, praticamente tudo é pirateado. Num país onde a receita (realidade) da grande maioria da massa populacional não acompanha a taxa de juros e a inflação (tudo que é original vale o olho da cara), a saída é satisfazer os desejos com produtos genéricos. Na verdade esse colossal montante que entra no país sonegando impostos e burlando a lei através da falsificação serve para alimentar boa parte da lavegem de dinheiro que nutre o crime organizado (drogas, armas de fogo, publicitários, lobistas e parlamentares).
Vivemos tempos difíceis!!!
Boa sorte Fiesp!!!

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