"Você, leitor, entregaria seu filho,que cometeu uma violência covarde, para coisificar-se na barbárie dasprisões brasileiras?"
"Tchau, filho." Foi assim que Ludovico Bruno se despediu do filho Rubens, de 19 anos, que ajudou a espancar a doméstica Sirlei Dias de Carvalho Pinto, no Rio de Janeiro. Com o filho partindo a bordo de um carro de polícia, Ludovico, o pai, chorou, passou a mão na cabeça, zanzou desorientado e acabou dando uma declaração que provocou espanto mais ou menos generalizado. Em defesa do filho, disse:
– Eles cometeram erro? Cometeram. Mas não vai ser justo manter presas crianças que estão na faculdade, estudando, trabalhando.
Ludovico Bruno está errado? Ludovico Bruno está moralmente obrigado a defender a prisão do filho? Ludovico Bruno deve colocar a exigência de justiça acima do sentimento paterno? A resposta: Ludovico Bruno está perplexo – e que atire a primeira pedra o pai que, numa situação parecida, não caísse na perplexidade e vacilasse entre defender o filho e a justiça. Porque, no Brasil, há fortes razões para vacilar.
trecho de "Você entregaria seu filho?", texto de André Petry publicado na semana passada na Veja. O artigo dividiu os leitores e foi o mais comentado da edição.
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2 comentários:
O Andre Petry e muito bom, vai mais fundo nas coisas, cria polemica na medida certa, e inteligente, gosto demais do que ele escreve.
Eu não entregaria.Porque isso é trabalho da justiça.
Eu como mãe, estaria sempre ao lado não abandonaria jamais, seja lá o que fizessem.
Mas tbm não defenderia em público não chamaria de crianças, me preservaria o direito de me manter calada.
Quanto ao sistema de prisão é horrível, mas não há muito para eu fazer.
Os jovenzinhos tinham que saber como é. Não é verdade.
Mas tenho compaixão do pai sim, lamento por ele, mas continuo lamentando mais por Sirlei.
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