14.7.07

A rosa do povo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrãneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos
de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Carlos Drummond de Andrade

Um comentário:

luciana disse...

Realmente os dois não podem coexistir, ou cantaremos o medo,
ou cantaremos o Amor.

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