“Hillsong United, São Paulo, 28 de julho, São Paulo; vai perder essa bênção?”. Recebi o e-mail com o título acima semanas atrás. Certamente muitos crentes também devem ter recebido. Ao que parece, a mensagem faz parte da divulgação das três apresentações que a banda faz no Brasil – depois de SP, 30 de julho no Rio e 31 em Belo Horizonte.
Das bandas que se dedicam ao louvor congregacional com uma pegada pop, o Hillsong é a que mais me agrada. Não são daqueles que, pra parecerem “jovens” ou “contemporâneos”, adotam postura infantil com boné virado pra trás e enchem o palco de dançarinos e tapumes grafitados.
Têm noções estéticas bem definidas, não se envergonham das influências que a música pop universal exerce sobre o trabalho e cada integrante, e o som do grupo é bem redondo. É música cristã sem gesso religioso e ranços igrejeiros. É uma evolução ver uma banda como essa nos palcos travados dos eventos gospel do país.
Mas, voltando ao título, essa bênção vou deixar passar. Gosto da banda, mas ainda prefiro algo sacuda essa subcultura gospel pra lá de morna. Pensando positivamente, a presença do Hillsong pode simbolizar uma abertura para sons que ainda não fazem parte do imaginário crente nacional. O irmão mais pessimista poderia dizer que a vinda deles representa mais um dos infindáveis modismos que semanalmente tomam conta do gueto gospel. Prefiro pensar que é o princípio de algo bem mais instigante que vem por aí.
Já que sonhar não paga imposto, fico nas preces pela vinda de gente como o quinteto sacudido americano mewithoutYou (grafado com apenas o y maiúsculo). Liderados pelo insano Aaron Weiss (cuja voz lembra muito a de Frank Black, eterno líder dos Pixies, quarteto norte-americano formado nos anos 80 e que voltou à ativa em 2003), fazem um o pop quebrado e poderoso, de canto quase falado e distante das obviedades emo que tomaram conta das programações musicais.
O último disco, “Brother, Sister”, terceiro da carreira, lançado pela luxuosa Tooth and Nail Records em setembro do ano passado, é um petardo roqueiro maravilhoso, com referências do já citado Pixies, Pavement e primeira fase do Echo and the Bunnymen com menos melancolia e mais guitarrada. Destaques para “Nice and Blue Pt Two” e “C Minor”, ambas de Brother, Sister, candidatas fáceis a hits nas rádios virtuais independentes espalhadas pela rede.
Atualmente a banda roda pelos Estados Unidos com a excursão do álbum. Por aqui, pelo menos por enquanto, é mais fácil o Tim Festival ou qualquer outro festival regular antenado trazê-los do que um promotor cristão bancar essa.
Enquanto essa turma de fora não vem, pra quem quer festival de crente fora dos padrões, segue a dica, também recebida por email: lançamento da terceira edição do fanzine Sagrado Brutal Core, com as bandas Dust, Seven and Three, Ence, Bloodsheed Divine, Foco Nocivo e Ide 777, no próximo dia 7, no Refúgio Moriah, rua Cipotuba, 300, no Morro do Índio, ao lado do terminal Jardim Ângela, fundão da zona sul de São Paulo. Aê, mano, vai perder essa bênção?
Filipe Albuquerque é jornalista e editor do blog Disco Eterno.
11.7.07
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2 comentários:
os textos do felipe me agradam..e muito. talvez agrade a ele análises do material do united, um pouco menos superficiais doq a gente costuma encontrar por aí nos portais algumacoisagospel.com.br.
hoje, a banda lançou novo videoclipe e jah postei minha análise.
abração.
ps.: o endereço do blog do felipe está errado no link.
abração, Pava!
Ricardo
Prefiro Echo And The Bunnymen que veio ao Brasil a algum tempo ou os mórmons do Bechman Turner Overdrive (BTO) e até mesmo um Sérgio Lopes que faz um som na dele e não se deixa influênciar pelas modinhas.
abç, Pava!
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