1.8.07

Cansei (3)

Um homem, aparentando cerca de trinta anos, maltrapilho, descalço e com olhar de quem tem nada a perder, nos aborda pedindo um trocado qualquer. Após lhe oferecer algumas moedas, o que passa em nossa cabeça? Será que ele vai comprar comida ou bebida alcoólica? Será que vai comprar aquela passagem de ônibus para ir embora para sua cidade ou comprar drogas? Geralmente ficamos em dúvida acerca da finalidade do dinheiro que damos em forma de esmola ou de “ação entre amigos”.

É uma preocupação legítima que evidencia nossa exigência pela coerência entre o fim a que se destina tal dinheiro e para o que ele realmente será empregado. Se soubermos que aqueles trocados foram para o consumo de álcool, certamente ficaremos indignados. Todos os nossos conhecidos ficarão sabendo do acontecido, será a conversa do final de semana e, provavelmente, demorará um certo tempo até darmos uma esmola novamente.

Mas quando se trata de dinheiro público, a coisa muda de figura. Um exemplo claro é o CPMF. O que nos disseram para onde iria o imposto? Para a melhoria do sistema público de saúde. E quem, hoje, ainda acredito nisso? Na verdade, ele é usado para o equilíbrio das contas do governo.

Estamos sendo enganados, mas parece que não dói tanto quanto descobrimos que o cinqüenta centavos da esmola foi usado para comprar uma birita. Isso sem falar dos desvios de dinheiro público que volta e meia são anunciados nas manchetes dos jornais e que nos limitamos a comentar que todos os políticos são iguais.

Parece-me que no Brasil a coisa pública, ao invés de ser considerado como uma coisa pertencente a todos e, portanto, todos teriam a responsabilidade de cuidá-la, é considerado como coisa de ninguém e, portanto, ninguém tem responsabilidade por nada. Basta ver como são tratados as praças, parques, banheiros e prédios públicos. Os recursos públicos idem. Além desse aspecto, um segundo talvez seja mais grave: o público é tratado como propriedade privada pela maioria dos representantes políticos. A corrupção é apenas uma evidência desse vício.

À primeira vista nos vem a sensação de que, politicamente falando, estamos sem saída. Há uma clara apatia, para não dizer repúdio, da sociedade pelos que deveriam estar planejando e executando políticas públicas (e não privadas) para melhorar continuamente a vida cotidiana.

Assim, caímos na tentação de deixar de acreditar que as coisas podem mudar, que podem ser diferentes, para melhor. Dá vontade de desistir, não é mesmo? Dá vontade de passar a bola para a próxima geração. Mas, como nos ensina o filme “A Corrente do Bem”, quando todos desistem, todos saem perdendo. Por isso, é fundamental continuarmos acreditando que as instituições e os recursos públicos devem efetivamente serem públicos.

Agora temos que ir tateando para sabermos o que fazer. O movimento “Cansei” é a primeira. E devemos continuar pensando em outras.

fonte: blog do Mauricio C. Serafim

2 comentários:

Anônimo disse...

reaça!!!!!!!!!!
se f...deram!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Que tal um ato pelas vítimas do cratera TUCANA da linha 4 do Metrô?

Sabiam que já tem outra cratera na rua dos Pinheiros?

Que tal um ato em repúdio do Governo José Serra?

Porque no o Governador José Serra oportunistamente apareceu quase que instantâneamente no local da queda do Airbus da TAM~, e levou 4 (QUATRO) dias para aparecer na cratera em Pinheiros???

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