31.8.07

Ditadura? Que nojo!

Já vi esse filme! Estávamos em pleno palco do Cine Odeon, no Rio, ontem, segunda, 27, para comemorar ninguém menos que o genial, meu ídolo, Glauber Rocha (não é à toa que tenho um espetáculo de 1994 chamado "UnGlauber" e o atual chamado Terra em Trânsito).

Na mesa de “debates” (debates porra nenhuma: uma mesa de clichês políticos e demagógicos, “o povo” pra lá e “o povo” pra cá, era o que se mais ouvia) estavam L C Barreto (a quem eu carinhosamente chamo de “chefe”) e Orlando Senna (!!!) e Erik Rocha, o genial filho de Glauber, o digno, maravilhoso Zózimo Bubul e um diretor de Cabo Verde, cujo nome não me recordo.

Fui chamado pela Paula Gaitan para ler o texto de Glauber “tricontinental” e assim o fiz. Mas, eis que de repente começo a ouvir, da mesa e adjacências: “o inperialismo americano” não nos deixa…..ou então: “todas as salas de cinema do pais deveriam estar exibindo Glauber”

Peraí! Peraí! Cinema obrigatório? Já vi esse filme. No Terceiro Reich foi assim. Leni Riefenstall. Sim, todos de braços erguidos, punhos fechados ou palmas ao ar, não faz a menor diferença: o fascismo me amedronta! Seja ele de direita ou de esquerda. O totalitarismo é um horror! Mas temo que, até num momento como esse, seja conveniente que o Barretão compre o discurso do Chavez nacional, porque L C Barreto se acomoda aos Barraventos do momento, ao Terra em Transe do momento: é como melhor lhe convém, não é querido? Ainda bem que não preciso fazer cinema aqui.

Ah sim, um fedelho do Oficina me “cobra” na porta (depois que joguei o microfone no chão) “por que você não assume o seu verdadeiro nome, Geraldo? Já que você está no Brasil?”

Olha só o estado delirante de xenofobia a que estamos chegando! E Glauber? Glauber é um nome brasileiro? Em alemão Glauber quer dizer “acreditar, crer”. Perguntei o nome do fedelho. Me fez rir. Só podia ser um plano mal traçado de um ator mal empregado.

Desculpe Glauber: você merecia coisa melhor.

Gerald Thomas, no site Direto da Redação.
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No final da apresentação de suas peças no Teatro Sesc Anchieta, Gerald Thomas apareceu no palco e narrou um pouco do episódio descrito nesse texto. Falo um pouco das duas peças amanhã no "Sabadão Cult".

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