11.8.07

O que podia fazer de mim não o fiz

Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pregada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

trecho de "Tabacaria", de Fernando Pessoa.

Um comentário:

luciana disse...

Pelo beijo que não te dei
Pelo afago que eu sufoquei
Pelos sonhos que malbaratei
Pelo encontro que em vão sonhei.

Pelo beijo que não me roubaste.
Pelo afago que me recusaste
Pelo encontro que tu evitaste
Pelo sonho que tu não sonhaste.

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