24.8.07

O silêncio de Deus

Madre Teresa de Calcutá, um dos nomes mais conhecidos da Igreja Católica no século 20, terá um livro com sua correspondência publicada nos Estados Unidos. Nesta publicação, cartas escritas pela religiosa demonstram que ela sentiu dúvidas e angústias espirituais por falta de respostas, sinalizadas pelo "silêncio" de Deus, segundo uma reportagem da revista americana "Time".

"O silêncio e o vazio são tão grandes que eu olho e não vejo, a língua se move na prece, mas não fala", publicou a revista. O trecho foi extraído de uma carta do ano de 1979 de madre Teresa ao reverendo Michael van der Peet, um confidente dela para questões espirituais.

Religiosa de origem albanesa, Madre Teresa morreu em 1997, aos 87 anos, e o processo de beatificação foi aberto dois anos depois, sem que o papa João Paulo 2º aguardasse o período usual de cinco anos para considerar sua santidade. Foi um dos processos mais rápidos da história do Vaticano.

A Igreja Católica leva em consideração a grande popularidade de Madre Teresa em várias partes do mundo. Na Índia, não apenas católicos, mas hindus, muçulmanos, sikhs e budistas costumam recorrer à religiosa, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979.

O livro "Mother Teresa: Come Be My Light" -"Madre Teresa: Seja Minha Guia", em tradução livre-- traz 66 anos de correspondência da madre com seus superiores na hierarquia católica e outros correspondentes, segundo a "Time". O compilador e editor do livro é o padre canadense Brian Kolodiejchuk.

A revista também afirma que muitos textos foram guardados contra a vontade da religiosa, que pediu que fossem queimados após sua morte. No entanto, o Vaticano preservou os textos como possíveis relíquias.

Apesar de sempre sorridente em público, a religiosa mostra momentos de angústia espiritual em mais de 40 textos. Nestes documentos, ela lamenta a solidão, a escuridão e a tortura nas quais vivia. Ela chega a comparar estas experiências com o inferno e a duvidar da existência do céu, segundo a "Time".

"O sorriso é uma máscara que cobre tudo", escreveu a religiosa, segundo a revista americana.
Mesmo com dúvidas que a assombravam, ao final, a religiosa dizia não ter abandonado sua fé, nem chegou a relaxar seu trabalho humanitário, informou a "Time".

O conteúdo das cartas de madre Teresa provocou respostas diferentes. O padre Matthew Lamb, do Estado americano da Flórida, entrevistado pela "Time", afirmou que as cartas revelam uma autobiografia de apelo espiritual que pode ser comparada com as Confissões de Santo Agostinho.

"Isto [o livro] pode fazer com que ela não seja lembrada somente por seu trabalho com os pobres, ela será também uma pessoa que experimentou dúvida, ausência de Deus em sua vida. E sabe com quem acontece isto? Com todo mundo. Ateus, crentes, céticos, todos", afirmou o jesuíta James Martin, editor de uma revista nos Estados Unidos, à "Time".

fonte: Folha Online

4 comentários:

luciana disse...

Taí um livro que gostaria de ler.
Quanto as suas mais diversas crises é super normal por ser ser-humano, por ser só e por questão de religião.

Anônimo disse...

Ei, o papa já disse que nem cristão tu é, ve se fica na tua!

Anônimo disse...

Como diria o maestro Tom Jobin, nessa música há muito som. Excelente postagem.

luciana disse...

Então anônimo, eu gosto das pessoas ainda que não são semelhantes ao que penso e como vivo e da maneiro que acredito. Mas fizeram a diferença no mundo deixando marcas pelo dom de misericórdia que exerciam.
A madre Tereza tem meu respeito e admiração, sim.
Quanto ao Papa já disse e repito: não o reconheço como autoridade de nada e muito menos sobre mim, portanto, o que fala não é relevante.
Agora vc, anônimo, por que tá na minha?

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