O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade
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foto: Largo do Rosário - centro de Campinas (SP)
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foto: Largo do Rosário - centro de Campinas (SP)
2 comentários:
É como o bom vinho,
não usufrui, mas está ali.
Não se expõe, mas sei que está ali.
Pronto a ser degustado quando numa ocasião especial,
e aí...
quanto mais velho, melhor.
Amor antigo, não velho. Amor presente e passado, não ultrapassado. Amor, enfim, é sempre amor, seja em qualquer lugar ou onde for.
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