15.9.07

Censura, nunca +

O teólogo americano de origem vietnamita Peter Phan, professor da Universidade de Georgetown e padre da diocese de Dallas, se tornou o novo alvo do zelo doutrinário do Vaticano, em particular da Congregação para a Doutrina da Fé - nome com que o papa Paulo VI rebatizou o Santo Ofício, em 1965.

Phan, que já presidiu a Sociedade Teológica Católica dos Estados Unidos, publicou em 2004 o livro Being Religious Interreligiously: Asian Perspectives on Interfaith Dialogue (Ser religioso de forma inter-religiosa: Perspectivas asiáticas sobre diálogo entre crenças, Orbis Books, US$ 26,60). Na obra, ele propõe uma abordagem positiva das religiões não cristãs.

Segundo a revista National Christian Reporter (natcath.org), o teólogo já recebeu uma carta assinada pelo arcebispo Angelo Amato, o número 2 da Congregação para a Doutrina da Fé, em que pede, em 19 “comentários”, que reconsidere suas teses e peça à editora para não reimprimir o livro.

O Vaticano e a hierarquia da Igreja nos Estados Unidos avaliaram que o livro de Phan contém “sérias ambigüidades” em relação a pontos essenciais da doutrina católica.

Entre os pontos problemáticos, estão reflexões de Phan que enfraqueceriam o papel de Cristo como “Salvador único e universal” e o da Igreja como instrumento para essa salvação.

O Vaticano não decidiu ainda se vai punir Phan e assegurou que “o diálogo prosseguirá”, segundo porta-voz da Conferência dos Bispos dos EUA. Segundo o vaticanista John Allen Jr., o novo caso confirma que não há nada que preocupe mais as autoridades eclesiásticas católicas, Bento XVI à frente, do que iniciativas que favoreçam o “relativismo religioso”.

Em março, o Vaticano condenou seis pontos do pensamento do jesuíta Jon Sobrino. A Congregação para a Doutrina da Fé considerou que o espanhol, que vive desde 1958 em El Salvador, não endossava a doutrina de que Cristo é “verdadeiramente Filho de Deus que se fez homem”.

fonte: O Estado de S. Paulo

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