A reverência na terra natal é plenamente justificável. Os americanos querem distância de abstrações. Eles veneram gênios práticos como Edison. Sem falar das obras no circuito escolar, pelo menos dez relatos de sua vida e criações estão na praça. Agora é a produtiva invencionice de Randall Stross em The Wizard of Menlo Park ("O mago de Menlo Park"), explicando "como Thomas Alva Edison inventou o mundo moderno".
Stross até mesmo descolou uma pesquisa chinesa de 1998 para justificar sua tese sobre a celebridade de Edison. Questionados sobre quais eram os americanos mais conhecidos, os chineses colocaram o Mago de Menlo Park em primeiro lugar, na frente de Michael Jordan, Albert Einstein (americano?) e Mark Twain. Vá lá. O fato é que Edison iluminou o caminho para o empresário-celebridade, uma marca registrada dos dias de hoje. Basta ver Bill Gates e Steve Jobs.
Na alquimia que transforma uma invenção em um produto de consumo, publicidade e autopromoção são pedras filosofais. Stross está em casa para escrever sobre o assunto. É professor de administração na San Jose State University (no Vale do Silício), escreve a coluna Digital Domain no New York Times e seus livros anteriores cuidaram de Steve Jobs e do eBay.
Há uma grande ironia (para não dizer incoerência) quando traça uma linha de Edison ao multibilionário Bill Gates. Claro que ele ganhou dinheiro, mas nunca construiu uma fortuna equivalente à de contemporâneos como John D. Rockefeller. A frase (exagerada) sobre Edison atribuída ao grande amigo Henry Ford é iluminadora: "O maior inventor do mundo e o pior homem de negócios do mundo".
A dicotomia entre o inventor e o empresário é especialmente patente [sic] pelo fato de que sua luz elétrica se tornou um negócio viável apenas depois que ele conferiu a administração de sua empresa a seu jovem assistente Samuel Insull.
Com a fusão entre a Edison General Electric e a Thompson-Houston em 1892, o nome do inventor-celebridade desapareceu da nova organização. Essa empresa ficou consagrada com o nome de General Electric, a ubíqua GE.
Uma de suas mágicas promocionais era não compartilhar descobertas e aprimoramentos de invenções com assistentes e concorrentes. Mas, como escreve Stross, "a fama de Edison adquiriu um brilho indestrutível porque trabalhava em áreas técnicas que o público sentia que iriam forjar o momento histórico".
Depois que inventou o fonógrafo, foi idolatrado como o Mago de Menlo Park (a pequena cidade onde vivia, em Nova Jersey). Soube usar a imprensa popular e revistas como a Scientific American para se transformar em guru dos tempos modernos.
Ele trabalhou para melhorar o telefone inventado por Graham Bell, em 1876. Na seqüência, vieram as invenções do fonógrafo e da lâmpada incandescente. Foi extremamente produtivo quando era jovem e passou o restante de seus 84 anos capitalizando a fama.
Obviamente, não é um falso brilhante. Stross diz que criou uma mudança de paradigma. Uma associação entre o fonógrafo e o iPod é possível. Como Edison, Jobs trabalha em uma área que oferece entretenimento personalizado em um mercado de massa. É verdade que nunca teve patentes em seu nome, mas colocou no mercado um aparelho pequeno e com capacidade que parece miraculosa.
O mesmo se aplicava ao fonógrafo há 130 anos, embora a grande inovação técnica (e de mercado) não tenha sido o cilindro tridimensional de Edison, mas o disco plano e a "victrola" da Victor Talking Machine Company. Edison, porém, enfeitiçou os editores da Scientific American quando revelou sua invenção, no escritório da revista.
Lembra-se do pioneiro Jobs, que apresentou o Macintosh em 1984 diante de uma grande audiência? Sim, Edison foi um pioneiro inventor-celebridade.
Caio Blinder, na Época Negócios.
Ilustração: Yusk
Um comentário:
..... amei esse lugar !!! ja está na minha lista !! ...uma boa semana pra vc !!
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