1.9.07

Não me sigam. Também estou perdido.

Tive uma reunião a portas fechadas comigo mesmo (foi uma longa reunião; arrastava-se há meses) e decidi que não quero ter seguidores.

Neste dia 29 de agosto de Nosso Senhor, enquanto escrevo este parágrafo, a Bacia das Almas armazena 1.191 documentos e 4.585 comentários. Nem sempre favoravelmente, o que está depositado aqui é mencionado hoje em mais de 300 outros destinos da rede.

A Bacia e o Paulo Brabo são duas pequenas instituições, igrejinha branca e estátua na praça, e isso me faz mal à náusea. Estou enojado da minha carolice e do meu bom mocismo, e tenho vontade de encher de porrada o canalha que me olha todas as manhãs no espelho. Minha única vingança é que posso ver claramente que ele está ficando velho. Tome isso, miserável.

Sei que não posso calar o cara, mas por amor a ele preciso ajudá-lo a livrar-se dos seus seguidores. Os comentários que deitam aqui apenas me matam, especialmente os que concordam com o que digo, por isso estão a partir de hoje eliminados por completo. Assim arbitrariamente. (oh, o peso que isso me tira das costas)

Krishnamurti revela que nos tornamos seguidores de uma pessoa no exato momento em citamos o que ela disse, e foi apenas quando li essas palavras que abriu-se em mim a consciência do quanto isso pode ser terrível.

Fique então muito claro que não quero converter ninguém, não quero convencer ninguém, não quero argumentar com ninguém, não quero causar uma boa impressão. Não quero propor uma teologia ou revelar o verdadeiro sentido do evangelho e não quero fundar uma igreja. Não quero me explicar. Não quero me manter coerente, consistente ou engraçado. Não me comprometo a escrever todos os dias ou dia algum ou jamais. Não estou disponível para esclarecimentos adicionais, não tenho bibliografia para apresentar e não estou pronto para apresentar o embasamento daquilo que estou dizendo.

Não sou um cristão exemplar, um homem exemplar, um irmão exemplar, um filho exemplar, um amigo exemplar, um pensador exemplar, um profissional exemplar. Não sou exemplar em nada. Não sei se acredito no que escrevo e nada tenho a oferecer.

Com Krishnamurti, e novamente estou sendo seguidor dele, penso que o pensamento é morto e jamais é capaz de tocar qualquer coisa viva. O pensamento não pode capturar a vida, contê-la ou dar expressão a ela. No momento em que tenta tocar a vida, o pensamento é destruído pela qualidade da vida.

Só cheguei até aqui. Agora deixem-me em paz, porque só faço sentido quando estou falando sozinho.

Como teve de dizer aquele que gosto mais de citar do que efetivamente seguir, para onde eu vou vocês não podem ir.

Paulo Brabo, no Bacia das Almas.

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